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Brasil alcança recorde inédito e ultrapassa R$ 2 bilhões em reforços na temporada

Gastos na janela do começo do ano foram ligeiramente maiores que a deste meio do ano

Da Redação
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Redação Exame

Publicado em 4 de setembro de 2024 às 07h23.

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O Brasil alcançou um recorde nesta temporada, inédito na história do país, ao ultrapassar os R$ 2 bilhões em reforços entre os 20 clubes da Série A. O total chegou a R$ 2,4 bilhões, sendo R$ 1,3 bi na janela do começo deste ano, e R$ 1,1 bi na janela atual, que começou em meados de julho e se encerrou nesta segunda-feira, dia 2.

As cifras de R$ 1,1 bi na janela deste meio de ano foi mais um recorde no país, o dobro do recorde anterior estabelecido em 2022, com R$ 494 mi. Na temporada passada, no meio do ano, as cifras chegaram a R$ 429 mi.

Sete clubes ultrapassaram as cifras de R$ 100 milhões, sendo que quatro deles são SAFs, o que comprova: transformação dos clubes em Sociedade Anônima do Futebol, que completou três anos de vigência neste mês de agosto, trouxe mudança de gestão, ganhos técnicos e estruturais e injeção financeira com novos reforços e encurtamento das dívidas.

Somando as duas janelas, clube que mais gastou, disparado, foi o Botafogo (SAF), com mais de R$ 370 mi. É seguido por Flamengo, com R$ 300 mi, Cruzeiro (SAF), com R$ 255 mi, Palmeiras, com R$ 193 mi, , Corinthians, com R$ 167 mi, Vasco (SAF), com R$ 131 mi, e Bahia (SAF), com R$ 119 mi.

Na janela que se encerrou ontem, o clube que mais gastou foi o Cruzeiro, com R$ 236 mi, seguido por Botafogo, com R$ 233 mi, e Flamengo, com R$ 157 mi.

"Esse arcabouço jurídico permitiu que os clubes pudessem se reorganizar financeiramente e renegociassem suas dívidsa, além de favorecer as SAFs no pagamento mensal de um tributo unificado, limitado a 5% sobre as receitas mensais, excluindo-se a receita com transferências de jogadores", destacou José Francisco Manssur, sócio do escritório CSMV Advogados e um dos autores do projeto de lei que criou a Sociedade Anônima do Futebol (SAF). "Observamos um aumento significativo nos aportes de capital local e internacional nos clubes, que não apenas estabiliza financeiramente as equipes, mas também abre portas para um crescimento sustentável a longo prazo", complementa Fernando Lamounier, Head de Marketing da Multimarcas Consórcios.

As contratações mais caras também são dominadas por times do Rio de Janeio, liderada por Thiago Almada (R$ 123 mi) e Luiz Henrique (R$ 86 mi), ambos do Botafogo, e Alcaraz (R$ 110 mi) e De La Cruz (R$ 78 mi), ambos do Flamengo.

"Estamos diante de um fenômeno inédito; pelo menos ao longo das duas últimas décadas; que é o de ouvirmos de um número considerável de brasileiros que se encontram na Europa, que retornar ao Brasil não é mais uma opção somente, mas desejo. Isso tem sido mais recorrente entre aqueles que deixam o país muito jovens e não se estabelecem nos principais clubes das principais ligas. Para esses atletas, com alguns clubes brasileiros capazes de equiparar salários, faz mais sentido retornar ao Brasil, se destacar em um campeonato de exigência e concorrência muito inferiores, e após esse destaque, avaliar se faz sentido retornar a Europa, ou permanecer no Brasil como protagonistas. Hoje, excluindo a Inglaterra, nenhuma liga europeia tem mais do que quatro clubes capazes de pagar a brasileiros o que os seis, sete principais clubes brasileiros pagam para os seus destaques. Estamos em um cenário no qual o atleta que não interessa aos clubes ingleses e aos três, quatro maiores das outras principais ligas, consegue um salário maior no Brasil do que nelas. Se o atleta não é visto como, ou não se vê como um que pode ascender na Europa, e chegar "ao topo da pirâmide", a chance de que consiga salário maior no Brasil, se não é grande, é ao menos, mais que considerável", analisa Thiago Freitas, COO da Roc Nation Sports, empresa que faz a gestão de centenas de atletas no cenário global.

Quem se destaca neste cenário é o Fortaleza. O clube fez todos os trâmites jurídicos para se transformar em SAF ao longo deste ano, mas ainda não vendeu nenhuma porcentagem para investidores e estuda os modelos a serem adotados. Líder do Campeonato Brasileiro até o momento e nas quartas-de-final da Copa Sul-Americana, o clube foi um dos que menos gastou com reforços na temporada, R$ 54,3 milhões.

“Procuramos investir no elenco de forma estratégica e inteligente. O plantel atual é resultado de várias janelas de transferências e, inclusive, contamos com muitos jogadores com mais de 100 jogos pelo clube, algo que gera identidade com o projeto. Contamos com profissionais capacitados para identificar oportunidades de mercado que possam fortalecer a equipe sem prejudicar as contas. Queremos que o Fortaleza continue conquistando bons resultados e crescendo dentro de campo de forma saudável, seguindo uma gestão financeira responsável e que entregue, também, o sucesso nas quatro linhas”, destaca Marcelo Paz, CEO da SAF do Fortaleza.

Dos 20 clubes da Série A, dois deles não chegaram a bater R$ 1 milhão em gastos com reforços: Juventude, com R$ 900 mil, e Criciúma, com R$ 480 mil. O time de Caxias do Sul, aliás, vem se tornando um dos grandes exemplos de gestão nesta temporada. Apesar dos recursos escassos em relação aos chamados grandes, e com a folha salarial folha salarial considerada a menor do país, com R$ 2,5 milhões por mês, o clube se encontra na 13a posição do Campeonato Brasileiro, com 28 pontos, e inicia hoje a caminhada nas quartas-de-final da Copa do Brasil, contra o Corinthians, depois de ter eliminado Internacional e Fluminense nas fases anteriores.

"Trabalhamos com responsabilidade financeira, essa sempre foi uma premissa da gestão, e nos últimos anos procuramos equilibrar o clube na parte financeira. Quando alcançamos esse equilíbrio, também conseguimos ser competitivos na parte técnica. Temos que, de alguma forma, diminuir a distância quando falamos de orçamento para as principais equipes da elite. A busca por novas receitas também é constante, pois isso pode fazer com que a gente sonhe com voos maiores", explica o presidente do clube, Fábio Pizzamiglio.

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