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Uma ação global para conectar o Brasil e o mundo a partir das favelas

Celso Athayde faz um balanço de sua viagem à França, onde palestrou em Cannes e se reuniu com autoridades para lançar a Expo Favela Paris

Cerca de 1 bilhão de pessoas vivem em favelas atualmente, de acordo com a ONU (luoman/Getty Images)
Celso Athayde

CEO da Favela Holding

Publicado em 27 de junho de 2023 às 09h10.

Cerca de 1 bilhão de pessoas vivem em favelas atualmente, de acordo com a ONU. Diante dessa realidade, estou retornando ao Brasil com a convicção de que é urgente e crucial internacionalizar as favelas, sem perder de vista a suas principais características: a informalidade e a autenticidade.

O Brasil está sob os holofotes internacionais e, para superar a visão estereotipada das favelas como meros "safaris sociais", é fundamental ocupar espaços. Estabelecer conexões que elevem o potencial dessas comunidades a um novo patamar.

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Ao chegar à França, há uma semana, tive a incrível oportunidade de realizar uma palestra no Cannes Lions 2023, o maior festival de criatividade e publicidade do mundo, com o tema "A potência do Favelês". O objetivo foi mostrar ao mundo a importância de se comunicar com as favelas e ressaltar sua potencialidade.

Compartilhar nossas ideias e perspectivas com uma plateia global foi uma experiência extraordinária. Tenho plena consciência de que, no próximo ano, quando retornarmos, estaremos competindo com grandes nomes e aprimorando ainda mais nossa narrativa, apresentando pensamentos, soluções e ideias provenientes das favelas.

Em Cannes, celebramos e lançamos nossa ação global mais audaciosa: a Expo Favela, em parceria com a renomada empresa Meta, a dona do Facebook, nas cidades de Paris, Lisboa e Nova York. Ficamos honrados com a presença de diversas agências e empresas importantes. O público aplaudiu de pé o lançamento da Expo Favela, reconhecendo a importância dessa expansão global e o impacto positivo que as favelas podem trazer para a sociedade. Foi um momento de celebração e de reconhecimento das potencialidades das favelas.

Diferenças culturais

Nossa missão em Cannes estava cumprida, era hora de partir para Paris. Embarcamos em um trem que nos levaria em uma viagem de 5 horas. Ficou clara a diferença cultural entre nós e os franceses. Qualquer palavra, conversa, barulho eram respondidos com um "shh". Para mim, que cresci utilizando os trens e ônibus do Rio de Janeiro, parecia uma missão impossível.

Em Paris, uma cidade com potencial global, tivemos uma reunião produtiva com a prefeitura para apresentar os planos da Expo Favela Paris, em 2024. A prefeitura ficou encantada e nos ofereceu o nobre espaço do Petit Palais. Confesso que eu nem o conhecia, mas, depois de vê-lo, estou completamente maravilhado! Ficou claro o comprometimento deles em colaborar em total sinergia com nossos objetivos.

Além disso, visitamos a missão brasileira na UNESCO, onde fomos recebidos de maneira amigável e encontramos diversas oportunidades para conectar o potencial das favelas aos organismos internacionais e suas políticas de integração, diálogo e inclusão. Também estivemos na embaixada do Brasil na França, onde foram discutidas várias oportunidades de ação em uma reunião muito produtiva.

E então chegou o momento mais importante: o lançamento da EXPO Favela Paris. O evento teve lotação máxima, e foi gratificante ver a presença de empresários locais e muitos franceses. Metade dos presente, no entanto, era brasileiro, o que demonstra que eles se sentem acolhidos e são acolhedores.

Consolidamos essa nova visão sobre as favelas do Brasil e a cooperação internacional ao nos encontrarmos com o prefeito de Saint Ouen, Karim Bouamrane. Fechamos um acordo para instalar a primeira sede da CUFA na cidade ainda em 2023. Apesar das diferenças de sotaques, devemos construir uma ação global que leve em consideração nossas particularidades, mas que busque soluções em comum.

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