ESG

UE quer transformar economia para eliminar combustíveis fósseis

Todas os setores seriam obrigados a acelerar a transição para deixar os combustíveis fósseis e reduzir a poluição em pelo menos 55% até 2030 em relação aos níveis de 1990, segundo propostas a serem divulgadas na quarta-feira

Emissões: a cada ano, produzimos mais CO2 do que a Terra consegue absorver. (Lukas Schulze/Getty Images)

Emissões: a cada ano, produzimos mais CO2 do que a Terra consegue absorver. (Lukas Schulze/Getty Images)

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Bloomberg

Publicado em 14 de julho de 2021 às 10h56.

A União Europeia planeja transformar todos os segmentos da economia do bloco: desde a forma como as pessoas aquecem suas casas aos carros que dirigem, em uma grande reformulação das regras para se posicionar como líder global no combate à mudança climática.

Todas os setores seriam obrigados a acelerar a transição para deixar os combustíveis fósseis e reduzir a poluição em pelo menos 55% até 2030 em relação aos níveis de 1990, segundo propostas a serem divulgadas na quarta-feira, o que coloca a UE no caminho para eliminar as emissões de gases de efeito estufa em meio século.

O chamado pacote “Fit for 55” expandiria o maior mercado de carbono do mundo e incluiria companhias de navegação, vetaria novos carros com motor de combustão, além de cobrar um imposto sobre as importações de aço, cimento e alumínio.

É a estratégia climática multilateral mais ambiciosa até o momento e colocaria a UE muito à frente de outras grandes economias com metas de carbono zero líquido, como Estados Unidos e China. Por exemplo, apenas carros com emissão zero serão produzidos a partir de 2035, e companhias aéreas terão que pagar por cada tonelada de dióxido de carbono emitida. Mas é improvável que o pacote seja implementado exatamente como previsto: as propostas de quarta-feira dão início a anos de disputas políticas com estados membros sobre como transformar as medidas em lei, e já há sinais de descontentamento.

“Veremos um experimento da economia como um todo para colocar a ambição climática em ação”, disse Simone Tagliapietra, pesquisadora do think tank Bruegel, em Bruxelas. “Até o momento, a Europa se concentrou em alguns setores para reduzir as emissões e agora estamos realmente mudando de marcha. Essas medidas terão um enorme impacto na vida quotidiana das famílias e empresas em toda a Europa, sem isenções.”

Juntas, as 27 nações da UE cortaram as emissões em 24% entre 1990 e 2019, em grande parte devido aos limites de poluição impostos pelo Sistema de Comércio de Emissões. Mas o ritmo dos cortes precisará ser acelerado para evitar um aquecimento global catastrófico. A meta de 55% da UE ainda é avaliada como “insuficiente” pelo Carbon Action Tracker. A ONG estima que o bloco terá de reduzir as emissões em 65% até 2030 para atender às aspirações do Acordo de Paris.

Ainda assim, o pacote Fit for 55 vai mais longe do que qualquer outro governo ao focar exatamente no que precisa ser feito para eliminar os combustíveis fósseis. A estratégia pode servir como um roteiro para outros países descarbonizarem mais rapidamente.

“Estamos em um estágio em que cerca de 75% do produto interno bruto global é coberto pela neutralidade climática ou promessas”, disse Manon Dufour, que dirige o escritório de Bruxelas do grupo de estudos climáticos E3G. “Mas não há absolutamente nenhum plano de como fazer isso, de como transformar uma economia para cumprir essas metas - é isso o que a Comissão está fazendo agora.”

Um dos maiores obstáculos é a expansão do comércio de carbono para cobrir o aquecimento dos edifícios e o transporte rodoviário. O preço de poluir sob o programa existente para fabricantes e concessionárias disparou para níveis recordes, o que levanta questões de que consumidores terão de arcar com os custos.

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