Apoio:
Parceiro institucional:
Devido às características logísticas dos sistemas isolados, é praticamente inviável zerar a geração a combustível fóssil, porém é possível reduzi-la de forma expressiva. (Getty Images)
Publicado em 5 de dezembro de 2024 às 14h00.
Última atualização em 5 de dezembro de 2024 às 14h29.
Com uma matriz energética 48% renovável, enquanto a média global é de 16%[1], o Brasil é referência em relação à transição energética e à necessidade de redução de emissões de gases de efeito estufa. Em termos de descarbonização, o maior desafio para o país é a redução do desmatamento, principal responsável pelas emissões brutas brasileiras.
Considerando apenas a geração de energia elétrica, o percentual de participação de fontes limpas na matriz é ainda mais expressivo, da ordem de 90%[2]. No entanto, ainda há espaço para aumentar a participação de fontes renováveis, como, por exemplo, pela substituição de geração de energia a combustível fóssil em sistemas isolados, sobretudo na região Norte do país, por renováveis.
De acordo com o governo federal, o país possui hoje pouco mais de 200 localidades em sistemas isolados na Amazônia Legal, totalizando 3 milhões de consumidores de energia. Cerca de 80% da geração de energia elétrica nessas localidades é proveniente de óleo combustível e outros 13% a gás natural. Apenas 7% são relativos a fontes renováveis (biomassa e hidrelétricas).
A geração a combustível fóssil nos sistemas isolados é responsável pela emissão de 2,3 milhões de toneladas de CO2 equivalentes. Esse valor representa cerca de 11% das emissões do setor elétrico brasileiro[3], enquanto esses sistemas representam menos de 1% da energia gerada. Devido às características logísticas dos sistemas isolados, é praticamente inviável zerar a geração a combustível fóssil, porém é possível reduzi-la de forma expressiva.
Nesse sentido, o governo federal lançou recentemente duas iniciativas promissoras para estimular a substituição de combustíveis fósseis por fontes limpas. A primeira é o leilão de energia para o sistemas isolados. E a outra é uma chamada pública para contratação de projetos de descarbonização no âmbito do programa Pró-Amazônia Legal.
Com relação ao leilão, uma portaria com as diretrizes foi publicada este mês. A expectativa do governo é realizar o certame em maio de 2025. A meta é contratar 49 megawatts (MW) para atendimento de 169 mil pessoas em dez localidades da Amazônia Legal, sendo nove no Amazonas e uma no estado do Pará. Os projetos participantes devem contar com pelo menos 22% de energias renováveis. Assim, podem ser apresentados, por exemplo, projetos híbridos, que utilizam energia solar com armazenamento, combinado com fonte térmica.
Já a chamada pública visa contratar projetos que busquem a descarbonização dos sistemas isolados. Serão destinados R$ 372 milhões para a construção desses projetos, com recursos do fundo Pró-Amazônia Legal. E o edital prioriza iniciativas que propuserem redução do custo de energia na região amazônica.
Essas iniciativas podem permitir que o Brasil amplie ainda mais a participação de fontes renováveis em sua matriz energética, mantenha seu destaque em âmbito global e contribua para a transição energética e o combate aos efeitos das mudanças climáticas.
_______________________________________________________
[1] BP Energy Outlook 2024 edition
[2] Estudos do Plano Decenal de Expansão 2034
[3] Sistema de Estimativas de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa (SEEG)