ESG

TikTok e geração Z: uma combinação explosiva para a cultura de Wall Street

Jovens que nunca trabalharam em um escritório estão expondo os bancos de investimentos nas redes sociais. O dilema é proibir o comportamento ou incentivar para atrair talentos

Os vídeos do TikTok de Naeche Vincent conquistaram milhões de curtidas (Bloomberg/Reprodução)

Os vídeos do TikTok de Naeche Vincent conquistaram milhões de curtidas (Bloomberg/Reprodução)

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Bloomberg

Publicado em 25 de agosto de 2022 às 08h00.

Quando o banco de investimento de Wall Street em que Naeche Vincent trabalhava disse que ela tinha que começar a vir ao escritório no ano passado, ela decidiu fazer um vídeo no TikTok sobre como se preparar para entrar no ambiente corporativo pela primeira vez.

A jovem de 24 anos, cujos vídeos conquistaram mais de 2,4 milhões de “likes”, trabalhava em casa desde que começou como analista em 2020 e queria causar uma boa primeira impressão. Ela precisava comprar roupas novas, fazer as sobrancelhas e mudar de manicure.

“Não posso ter garras, tipo, no mundo corporativo, garras simplesmente não rolam, não com as pessoas com quem trabalho”, disse ela no vídeo, acenando com as unhas compridas.

Uma coisa que Vincent não mencionou no vídeo foi onde ela trabalhava. E em vídeos futuros, incluindo um sobre uma jornada de trabalho de 19 horas, ela também teve o cuidado de não revelar seu empregador.

“O mundo dos bancos é muito rigoroso sobre o que você pode compartilhar online”, disse Vincent em entrevista. “Se você está postando online sobre uma empresa específica, então você basicamente se torna porta-voz. Simplesmente não digo onde trabalho.” Vincent também pediu à Bloomberg que não divulgasse seu empregador, onde já não trabalha mais.

Os americanos da Geração Z cresceram compartilhando suas vidas nas mídias sociais e não veem motivo para parar só porque entraram no mundo corporativo. Para Wall Street, onde a confidencialidade é cultivada à risca, isso representa um dilema. Vídeos do dia-a-dia não filtrados, como os de Vincent, podem servir como uma ferramenta de recrutamento para um setor que busca atrair talentos jovens e diversos. Mas o conteúdo também pode expor os maiores bancos de Nova York, ao mostrar uma cultura de trabalhar muito e festar muito.

Há vídeos do TikTok que mostram estagiários do JPMorgan festejando em um passeio de barco em torno de Manhattan, funcionários do Goldman Sachs fazendo fila para food trucks e a comida servida no treinamento de verão para estagiários do Morgan Stanley. Há também vídeos recentes que mostram funcionários no escritório cedo o suficiente para ver o sol nascer sobre o rio Hudson, ou analistas trabalhando depois da meia-noite.

Até agora, as empresas tem navegado nessa nova realidade com cautela. Alguns bancos incentivam o uso das mídias sociais, enquanto outros buscam assumi o controle de sua própria narrativa. O Goldman planeja lançar em breve uma conta do TikTok que compartilhará vislumbres de um dia típico de alguns de seus funcionários juniores.

Ao mesmo tempo, funcionários do Goldman e do Bank of America removeram vídeos que as empresas dizem violar suas diretrizes. A maioria dos jovens que publicam nas redes sociais não divulgam onde trabalham para se proteger de possíveis reações adversas e para separar seu conteúdo de seu empregador.

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