Qual o papel da logística de gás na transição energética?
Gestão adequada do uso do gás natural liquefeito permite substituir fontes mais emissoras de CO2 de forma eficiente
Publicado em 28 de junho de 2024 às 14h56.
A transição energética tem sido, de uma forma ou outra, o cerne de muitos dos artigos publicados recentemente. A expansão das fontes renováveis intermitentes (eólicas e solares) e seus novos usos ( calor industrial ), a alteração e importância do papel das hidrelétricas, incluindo novas modalidades, como as usinas reversíveis, são temas já explorados.
Outro ator importante neste cenário de redução de emissão de carbono e garantia de suprimento é o gás natural, na medida em que possa vir a substituir fontes mais emissoras (como carvão, diesel e óleo combustível). No entanto, não é tão intuitivo o reconhecimento de que importa – e muito – “ como ” o gás natural vai ser administrado.
Uma solução que ganhou espaço dentro do Brasil nos últimos anos foram as usinas termelétricas movidas a gás natural cujos projetos independem da malha de gasodutos, aumentando o portfólio de empreendimentos que podem colaborar para a resiliência do sistema. Navios ou caminhões podem ser utilizados para transportar o combustível em forma líquida mediante a redução de temperatura do gás, que passa a ser conhecido como GNL, ou Gás Natural Liquefeito.
Considerando a característica do sistema elétrico brasileiro, que opera de forma centralizada e harmônica, os agentes responsáveis pelas usinas termelétricas devem dispor de mecanismos e ferramentas internas para garantir a otimização entre as cargas de GNL (chegada de navios ou caminhões) e sua queima para a produção de energia elétrica. Erros no direcionamento das cargas podem gerar “falta de combustível” ou “excesso de combustível”.
Sem adentrar nos reflexos de danos econômico-financeiros aos agentes, ambos erros também acabam sendo prejudiciais à eficiência energética, pois o primeiro pode resultar na utilização de geração da fonte “mais ineficiente” naquele momento, e o segundo pode levar a queimas desnecessárias do combustível visando evitar seu desperdício.
Adicionalmente, uma boa e eficiente logística de GNL pode garantir maior flexibilidade na utilização do combustível, aumentando sua complementariedade com as fontes renováveis intermitentes e reduzindo custos que oneram o consumidor.