Exame Logo

Preço dos sistemas de energia solar sobe até 25% na pandemia

Custo encareceu por conta da alta do dólar e do aumento no custo dos componentes. Mudança em lei pode encarecer ainda mais a geração distribuída

Em média, uma residência brasileira gasta 150 KWh por mês. O investimento necessário para instalar um sistema com esse tamanho, hoje, é de 21.868 reais, 22% maior do que no início da pandemia (Faye Sakura/The New York Times)
RC

Rodrigo Caetano

Publicado em 16 de junho de 2021 às 11h45.

Última atualização em 17 de junho de 2021 às 12h04.

O custo para instalar um sistema de geração de energia solar , residencial ou comercial, disparou na pandemia. Entre março de 2020 e junho de 2021, os preços subiram até 25%, dependendo do tamanho do projeto. Em média, os valores subiram 19% (confira tabela).

A elevação dos custos varia conforme a potência do sistema. A maior subida se deu em sistemas de 100 kWp, sistema capaz de gerar cerca de 1.500 quilowatts-hora (KWh), o suficiente para abastecer um comércio de médio porte (os números são aproximados e consideram a incidência solar na região de São Paulo).

Veja também

O custo de um projeto com essa potência, atualmente, está na casa dos 330 mil reais. Os dados são de um levantamento feito pelo Portal Solar, um marketplace de equipamentos e serviços para geração distribuída, como é chamada, no jargão técnico, a geração residencial de energia.

Quanto custa instalar um sistema de energia solar

Porte mar/20 jun/21 Aumento
Sistema 2,07 kWpR$ 14.550,00R$ 15.862,009%
Sistema 3,45 kWpR$ 18.760,00R$ 21.868,0017%
Sistema 5,52 kWpR$ 24.012,00R$ 29.302,0022%
Sistema 8,28 kWpR$ 35.892,00R$ 40.089,0012%
Sistema 10,69 kWpR$ 44.279,00R$ 48.371,009%
Sistema 16,56 kWpR$ 60.859,00R$ 74.736,0023%
Sistema 20,7 kWpR$ 73.752,00R$ 91.059,0023%
Sistema 52,44 kWpR$ 170.112,00R$ 211.669,0024%
Sistema 102,47 kWpR$ 332.535,00R$ 415.192,0025%
Sistema 310,5 kWpR$ 975.135,00R$ 1.190.126,0022%

Alta no preço da energia solar

Em média, uma residência brasileira gasta pouco mais de 150 KWh por mês. O investimento necessário para instalar um sistema com esse tamanho, hoje, é de 21.868 reais, 22% maior do que o registrado no início da pandemia.

As menores variações, ambas de 9%, se deram em sistemas pequenos, de 2 kWp, capazes de abastecer dois ares-condicionados de 12.000 BTUs, e em sistemas de 10 kWp, que são indicados para pequenos comércios.

De acordo com a Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), essa alta nos preços se deve à subida do dólar, já que a maioria dos equipamentos é importada, e a uma escassez de componentes em virtude da pandemia, que afetou a produção no mundo todo.

Trajetória invertida

Nos últimos 10 anos, o custo dos sistemas de geração solar caiu cerca de 90%, segundo cálculos da Omega Energia, empresa de geração de energia renovável. Essa queda motiva pedidos para que a lei de incentivo à adoção da geração residencial pelo sol seja revista.

Em 2012, o governo federal estabeleceu a isenção de impostos e encargos para quem produz energia em casa. Inclusive, os sistemas solares não pagam a tarifa de carregamento da distribuidora de energia, ponto de maior atrito entre as concessionárias e o setor de energia fotovoltaica.

Na prática, as distribuidoras acabam repassando esse custo para os demais consumidores. Ou seja, quem não tem geração solar própria acaba arcando com os incentivos para quem tem. As distribuidoras calculam que, em 10 anos, esse custo chegue a 130 bilhões de reais.

A conta, porém, é muito simplista e não leva em conta, por exemplo, ganhos de eficiência em função da descentralização da geração (por ser gerada próximo do local de consumo, a geração distribuída exige menos esforço do sistema de distribuição). Também não inclui o recente aumento no preço dos painéis fotovoltaicos, que pode mudar a relação custo-benefício da tecnologia.

Brasil entra no top 10 de países que mais instalaram energia solar em 2020

Com toda polêmica e com o aumento nos custos, ainda sim, o Brasil entrou na lista dos dez países que mais instalaram sistemas de energia solar no mundo em 2020. Foram adicionados 3,15 gigawatts (GW) em novos empreendimentos de geração solar ao longo do ano passado, o que colocou o país na nona colocação no ranking.

Questionada sobre projeções para 2021, a Absolar não quis fazer uma estimativa específica, mas disse que "a expectativa é de subir no ranking", dado o momento aquecido da indústria solar no país.

A entidade calculou que o setor solar movimentou cerca de 15,9 bilhões de reais em investimentos locais em 2020, enquanto para este ano as projeções apontam para aportes ainda maiores, estimados em 22,6 bilhões de reais.

Saiba mais sobre ESG e leve valor para a sua carreira e para o seu negócio com as práticas ambientais, sociais e de governança

Acompanhe tudo sobre:Energia renovávelEnergia solarGeração de energia

Mais lidas

exame no whatsapp

Receba as noticias da Exame no seu WhatsApp

Inscreva-se

Mais de ESG

Mais na Exame