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Por que a Creditas é destaque em ESG no setor financeiro

Fintech quer democratizar o acesso ao crédito e aposta na força da atuação social dentro e fora de casa; educação financeira faz parte dos serviços oferecidos

Sergio Furio, presidente da Creditas: estratégia de negócios orientada pelos princípios ESG | Foto: Germano Lüders/EXAME (Germano Lüders/Exame)
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Beatriz Quesada

Publicado em 29 de maio de 2021 às 08h15.

Última atualização em 29 de maio de 2021 às 11h18.

No imaginário brasileiro, o empréstimo tem fama de vilão. E não sem razão de ser. Parte do mercado está concentrado em bancos e financeiras que são rigorosos na concessão e que cobram juros que estão entre os maiores do mundo.

Apesar da menor taxa básica de juros da nossa história, em 2% ao ano até meados de março, a taxa média de empréstimos para pessoa física era de 41% ao ano no mesmo mês, segundo o Banco Central. Em algumas modalidades, as taxas são ainda mais elevadas: no rotativo do cartão de crédito, de 334,9% ao ano.

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O empréstimo caro e para poucos no Brasil, no entanto, tem cada vez mais exceções que fogem à regra. Uma delas é a Creditas, fintech que aposta no empréstimo com garantia para reduzir o custo da dívida. Funciona assim: o cliente oferece um bem – quase sempre, um carro ou imóvel – à instituição financeira em troca do crédito, e essa garantia pode ser tomada caso a dívida não seja paga. Um empréstimo pessoal com garantia tem taxas que chegam a 10,7% ao ano (0,85% ao mês) na fintech.

“Quando cheguei ao país, as pessoas diziam que o problema do crédito no Brasil era a inadimplência, a renda baixa. Mas o brasileiro está cheio de ativos, 70% são donos das casas em que moram. Eles devem e podem usar essa conquista para pegar um crédito mais barato. Era uma coisa já muito comum fora do país”, conta o espanhol Sergio Furio, CEO e fundador da Creditas.

Furio trabalhou 12 anos no mercado financeiro em Nova York e decidiu empreender por aqui após descobrir, por meio da namorada brasileira, que os custos de crédito locais estavam entre os mais altos do mundo. O espanhol desembarcou no Brasil em 2012 e fundou a “BankFacil”, uma plataforma de educação sobre crédito que prospectava clientes para bancos tradicionais. A startup mudou de nome em 2017, mesmo ano em que entrou no negócio que seria seu carro-chefe até hoje, o empréstimo sem garantia.

Atualmente a Creditas tem operações no Brasil, na Espanha e no México e faz parte do seleto grupo de unicórnios brasileiros–novatas que valem mais de 1 bilhão de dólares. A fintech tem se expandido para áreas além do crédito, investindo no mercado de benefícios corporativos. Ainda assim, o DNA educativo não deixou de fazer parte da empresa.

“Em 2015 inauguramos uma unidade de consultores de crédito que estão disponíveis para resolver as dúvidas do consumidor. Cabe à nós fazer com que os consumidores entendam como podem melhorar suas economias familiares simplesmente fazendo uma redução de juros”, explica Furio. O cuidado com o cliente tem trazido resultados: a empresa recebeu o prêmio Reclame Aqui 2020 como melhor empresa de empréstimos online na visão do consumidor.

Na esteira das premiações, a Creditas também foi escolhida pela EXAME como uma das 17 melhores empresas brasileiras em ESG, a partir de critérios que avaliam o negócio segundo padrões ambientais, sociais e de governança. O reconhecimento faz parte do evento “ Melhores do ESG: Repensando o valor de tudo ”, o maior fórum gratuito sobre o tema no Brasil.

“Instituições financeiras têm papéis sociais importantes: tratar bem o consumidor, cobrar taxas justas e fornecer educação financeira para que o cliente não se perca em dívidas. E a Creditas é muito boa nesses quesitos”, diz Renata Faber, head de ESG da EXAME Invest Pro.

ESG dentro de casa

A fintech também busca reforçar o pilar social dentro de casa. “Nossos clientes são diversos e queremos que isso se reflita na nossa equipe, com a presença de mulheres, negros e LGBTQs. A diversidade traz uma riqueza de pontos de vista que nos faz tomar melhores decisões”, defende o CEO. Na empresa, as mulheres representam 40% dos funcionários. No time de liderança, seis dos 15 funcionários são mulheres.

No quesito governança corporativa, a Creditas diz estar um passo além do que se imagina para uma startup. “Recebemos aportes de alguns fundos internacionais que queriam que fôssemos mais transparentes com o mercado sobre nossos resultados. Passamos a divulgar nossos resultados trimestrais”, conta Furio.

No balanço do primeiro trimestre de 2021, a propósito, a fintech registrou alta anual de 73,1% em sua carteira de crédito, chegando a 1,545 bilhão de reais. A receita também subiu, para 124,2 milhões de reais, com uma alta de 49,6% na comparação ano a ano. No período, a Creditas deu prejuízo de 64,6 milhões de reais, ante 51,4 milhões de reais em prejuízo no ano anterior.

Como acontece em outras startups, o objetivo é continuar em ritmo de expansão antes de gerar lucro. E os aportes sucessivos de grandes fundos internacionais servem como atestado de validação do modelo de negócio e da trajetória da Creditas.

De volta ao ESG, o aspecto ambiental é o único da sigla em que a Creditas ainda não tem forte atuação, mas isso faz parte do plano de ações. No início desta semana, a fintech anunciou um aporte de 95 milhões de reais na fabricante brasileira de motos elétricasVoltz, no maior investimento já realizado pela empresa desde sua criação. Com o movimento, a Creditas passa a ser uma acionista relevante da Voltz.

Para Furio, apostar em ESG é “manter uma cultura de fazer as coisas certas”, algo que, ao final do dia, gera reconhecimento e retorno. “Faz a empresa crescer, deixa os clientes mais engajados e colaboradores mais empolgados com a empresa. Todo mundo sai mais feliz”, completa.

Já para os investidores pessoa física que desejam participar dessa felicidade, o caminho é esperar. A Creditas mantém uma possível oferta pública de ações ( IPO ) no horizonte, mas ainda sem data definida.

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