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Os efeitos perversos dos jabutis incluídos no PL das Eólicas Offshore

Emendas incluídas em marco legal aprovado pelo Senado apontam para um aumento de custos de R$ 21 bilhões por ano para o consumidor

Embora o PL das Eólicas Offshore represente um avanço importante para o Brasil, as modificações controversas põem em xeque a coerência da política energética nacional. (wirestock/envato)

Publicado em 18 de dezembro de 2024 às 15h52.

Última atualização em 18 de dezembro de 2024 às 16h30.

O marco legal para a exploração de energia eólica offshore no Brasil (Projeto de Lei nº 576/2021) foi aprovado em dezembro pelo Senado e aguarda agora a sanção presidencial. Apesar de criar um arcabouço legal importante para o setor eólico, os avanços foram ofuscados por uma série de inclusões de temas alheios e controversos à matéria original, apelidados de "jabutis", que alteram substancialmente o projeto original.

Dentre as emendas incluídas, destacam-se:

Além da óbvia adição de emissões de combustíveis fósseis no setor, as alterações aprovadas pelo Senado subvertem a lógica econômica da expansão do sistema elétrico brasileiro ao imporem a contratação de determinados tipos de ativos sem estudos que comprovem a sua efetiva necessidade e economicidade. Caso esses artigos sejam sancionados pelo presidente, além de adicionar custos a serem cobertos pelos consumidores, entendemos que eles têm potencial de:

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Muitos dos apontamentos feitos acima foram quantificados pela PSR em estudo desenvolvido para um conjunto de associações em dezembro de 2023, quando a matéria emendada foi devolvida pela Câmara ao Senado. Considerando a visão da época e as evoluções regulatórias até o presente momento, as estimativas apontam para um incremento de custos da ordem de R$ 21 bilhões por ano, o que representaria um impacto tarifário médio da ordem de 7,5%.

Embora o PL das Eólicas Offshore represente um avanço importante para o Brasil, as modificações controversas põem em xeque a coerência da política energética nacional. A priorização de fontes fósseis, aliada a falta de planejamento estratégico de longo prazo e a desconsideração dos custos associados a estas medidas, pode comprometer os esforços para uma transição energética eficiente e a descarbonização da economia brasileira.

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