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Oceanos fervem e ritmo de aquecimento quase duplica desde 2005

As águas mais quentes provocam furacões e tempestades intensas com enchentes e destruição; em 2023, 22% dos oceanos do mundo sofreram pelo menos uma onda de calor grave ou extrema

Alerta: os oceanos aqueceram 1,05 watts por m2² desde 2005, em comparação com 0,58 watts por m² nas décadas anteriores (AFP Photo)

Alerta: os oceanos aqueceram 1,05 watts por m2² desde 2005, em comparação com 0,58 watts por m² nas décadas anteriores (AFP Photo)

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Agência de notícias

Publicado em 30 de setembro de 2024 às 13h53.

A taxa de aquecimento dos oceanos quase duplicou desde 2005 e mais de um quinto da superfície global dos oceanos sofreu uma forte onda de calor em 2023, segundo um relatório do observatório europeu Copernicus publicado nesta segunda-feira, 30.

"O aquecimento dos oceanos pode ser considerado o nosso guardião do aquecimento global. Não parou de aumentar desde a década de 1960. E desde aproximadamente 2005, a taxa de aquecimento dos oceanos duplicou", destacou a oceanógrafa Karina Von Schuckmann, ao apresentar o 8º relatório Copernicus sobre o estado dos oceanos.

Segundo o relatório, os oceanos aqueceram 1,05 watts por m2² desde 2005, em comparação com 0,58 watts por m² nas décadas anteriores. Esta pesquisa reforça as conclusões do Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima, IPCC. 

Em 2019, seus especialistas, nomeados pela ONU, consideraram "provável" que o ritmo do aquecimento dos oceanos tivesse "mais do que duplicado desde 1993".

Este aquecimento explica-se porque, desde 1970, os oceanos absorveram "mais de 90% do excesso de calor do sistema climático", causado pelas intensas emissões de gases de efeito estufa (GEE) por parte do homem, segundo o IPCC.

Os oceanos, que cobrem 70% da superfície terrestre, são um dos principais reguladores do clima na Terra. As águas mais quentes provocam furacões e tempestades intensas com enchentes e destruição.

Este aquecimento é também acompanhado por um aumento das ondas de calor no mar. Em 2023, 22% dos oceanos do mundo sofreram pelo menos uma onda de calor grave ou extrema.

Impacto na pesca

As ondas de calor marinhas se propagam a áreas mais amplas e tendem a durar mais tempo: a duração média anual máxima duplicou, de 20 para 40 dias, desde 2008.

No nordeste do Mar de Barents, no Oceano Ártico, "o fundo (do mar) parece ter entrado em um estado de onda de calor marinha permanente", segundo um estudo citado por Von Schuckmann.

Em agosto de 2022, as águas costeiras das Ilhas Baleares alcançaram a temperatura recorde de 29,2°C , "a mais alta das águas regionais superficiais em 40 anos", afirma o relatório.

Nesse mesmo ano, uma onda de calor no Mar Mediterrâneo penetrou 1.500 metros abaixo da superfície, o que mostra como o calor pode se propagar pela coluna d'água.

Episódios de ondas de calor marítimas podem causar migração e mortalidade em massa de espécies, degradar ecossistemas e reduzir a capacidade das camadas oceânicas de se misturarem entre o fundo e a superfície, dificultando assim a distribuição de nutrientes.

Também podem "ter implicações na reprodução dos peixes", o que repercute na pesca, indicou Von Schuckmann.

O relatório indica ainda que a acidez dos oceanos, que absorvem um quarto do CO² emitido pelas atividades humanas, aumentou 30% desde 1985. Acima de um certo limite, a acidez da água do mar torna-se corrosiva para conchas, corais, mexilhões, ostras etc.

É provável que este nível, considerado um "limite planetário", será superado em "um futuro próximo", segundo um relatório publicado na semana passada pelo Instituto Potsdam de Pesquisas sobre o Impacto Climático (PIK).

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