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O gargalo do financiamento climático não é dinheiro, é confiança

Como o ecossistema de impacto brasileiro pode destravar o trilhão necessário para a transição climática global

 Brasil tem a chave para mobilizar capital climático (Freepik)

Brasil tem a chave para mobilizar capital climático (Freepik)

Da Redação
Da Redação

Redação Exame

Publicado em 14 de dezembro de 2025 às 10h00.

*Por Ricardo Ramos, Diretor-executivo da Aliança pelo Impacto

Nas últimas conferências do clima, ouvimos cifras cada vez maiores sobre a necessidade de financiamento climático. A COP30 elevou a ambição ao reafirmar que países emergentes precisam mobilizar ao menos US$ 1,3 trilhão por ano até 2035 para sustentar a transição global.

Mas há uma verdade incômoda que investidores, formuladores de políticas e empreendedores já conhecem: o dinheiro existe. O que falta é confiança, transparência e projetos prontos para investimento.

Essa é a principal constatação de uma série de mesas globais de investidores conduzidas por Aliança pelo Impacto e GSG Impact, em parceria com o PRI/ONU, que originaram o Roadmap para Mobilização de Capital Privado.

Gestores internacionais com mais de US$ 20 trilhões sob gestão foram unânimes em apontar o mesmo problema.

Para eles, não faltam recursos, o que não temos são pipelines consistentes, padronizados e comparáveis de soluções capazes de absorver capital em escala, entre outras lacunas.

O desafio é especialmente agudo quando tratamos de adaptação climática. A COP30 trouxe luz à necessidade de triplicar os recursos destinados ao tema, mas ainda opera sobre um conjunto limitado de modelos, dados e instrumentos.

Adaptação não é apenas construir infraestrutura resiliente; é fortalecer sistemas alimentares, proteger mananciais, ampliar soluções baseadas na natureza e desenvolver tecnologias que reduzam a vulnerabilidade de territórios inteiros. Para isso, o investidor precisa ter confiança. E confiança nasce da informação.

É aqui que entra um ativo estratégico do Brasil: o ecossistema de impacto. Diferentemente de muitas promessas presentes em planos globais, diversas organizações de impacto já operam no território, geram métricas de impacto e oferecem soluções em energia, água, agricultura, resíduos, biotecnologia e sociobioeconomia.

São iniciativas que conhecem o problema de perto e têm capacidade real de implementação.

A integração recente do Portal Impacta Brasil ao Existing Bank of Solutions da Agenda de Ação da COP30 evidencia esse potencial.

A plataforma, com 484 negócios catalogados, dos quais 334 trabalham soluções climáticas, oferece dados confiáveis, curadoria qualificada e um pipeline padronizado de oportunidades alinhadas às NDCs brasileiras – justamente o que o Roadmap identifica como peça-chave para destravar capital.

No lugar da sensação de "caixa-preta" que investidores frequentemente associam à adaptação, o portal entrega clareza.

A verdade é que o mundo não enfrenta falta de recursos, mas sim falta de mecanismos que conectem capital a soluções. Reduzir risco, por meio de finanças mistas, garantias e proteção cambial, é parte da resposta. A outra parte é organizar a vitrine de oportunidades.

O Brasil pode liderar justamente aqui. Podemos oferecer ao mundo um modelo de como estruturar projetos investíveis que respondem ao clima e à desigualdade ao mesmo tempo.

A transição ecológica global não será acelerada apenas por decisões multilaterais. Ela será impulsionada pela capacidade de transformar ambição em entrega e de transformar recursos financeiros em impacto real.

Se quisermos destravar o trilhão anual que a COP30 projeta, precisamos ampliar o que o ecossistema de impacto já faz no Brasil: gerar confiança. E confiança se constrói com dados, governança e soluções reconhecidas.

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