Na publicidade, representatividade negra evolui; PCDs, LGBTQIAPN+ e indígenas são sub-representados
Outros recortes minorizados como pessoas LGBTQIAPN+, gordas e com deficiência ainda tem pouco espaço nas publicidades brasileiras
Repórter de ESG
Publicado em 19 de junho de 2023 às 18h18.
Última atualização em 23 de junho de 2023 às 19h59.
Segundo estudo, 53% das publicidades analisadas contaram com representatividade negra, contando com um aumento de nove pontos percentuais em relação à 2022. É o que diz o levantamento “ Diversidade na Comunicação de Marcas em Redes Sociais ", da Elifegroup, empresa especializada em gestão do relacionamento com o consumidor, Buzzmonitor, uma plataforma de gestão de social media e atendimento, e SA365. O contingente segue a tendência de alta do ano passado, com a presença de negros nas campanhas publicitárias crescendo e atingindo o maior patamar desde 2018, ano de início da série.
A pesquisa analisou quase 25 mil posts ligados à publicidade em redes sociais, como Facebook, Instagram e Twitter, através da coleta de dados baseada em termos de busca e da análise específica de perfis. A base analisada considerou o período de janeiro a dezembro de 2022. Marcas como Casas Bahia, Buscopan e Dove são algumas das marcas que se destacaram na participação de pessoas negras em sua comunicação digital.
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Também foi analisado o papel de gênero presente no grupo minorizado. Mulheres são destaque nas categorias higiene pessoal e beleza, indústria farmacêutica e limpeza doméstica. Já os homens aparecem mais em varejo, telecomunicações e entretenimento. Enquanto, ambos aparecem em bens de consumo e bancos.
O estudo considera outros grupos tradicionalmente minorizados e estereotipados na comunicação. Segundo o levantamento, observa-se uma diminuição na presença de mulheres nas publicações em relação aos últimos anos – além do predomínio de mulheres brancas se comparado com o número de mulheres negras, enquanto as mulheres indígenas se mantém completamente ausentes. A sub-representação se repete com mulheres LGBTQIAPN+, plus size ou com deficiência.
O recorte de pessoas LGBTQIAPN+
Grupos LGBTQIAPN+ aparecem em apenas 7% das publicações analisadas, enquanto no ano passado esse percentual estava 1% mais alto. Mas se considerado o penúltimo estudo, a representatividade mais que dobrou, pois o grupo estava presente em apenas 3% dos posts. Homens cisgênero ainda são maioria no grupo, seguido de mulheres trans e logo em seguida, mulheres cis. Demais minorias da sigla não foram identificadas.
Pessoas LGBTQIAPN+ estão presentes em maior número em setores como bens e consumo (24%), higiene e beleza (20%). Já em relação às marcas com participaçãoLGBTQIA + maior ou igual à da população estão: Downy; Close-up; Seda e Engov – enquanto Unilever e Close-up contam com grande presença de pessoas trans. Segundo o estudo, a representatividade LGBTQIAPN+ está melhor distribuída ao longo do ano, não só se limitando ao mês que se comemora o Orgulho LGBTQIAPN+, mês de junho.
Presença de corpos diversos
Segundo a pesquisa, 4% das publicações contavam com corpos gordos e a categoria com mais expressividade da presença plus size em 2022 foi de higiene e beleza. Mas também contou com a presença das categorias de bens de consumo e higiene doméstica. O estudo ressalta que ainda há a predominância do corpo magro como padrão.
Asiáticos contam com 3,3% de representação contra 2% de presença na população brasileira – o que corresponde a uma super representação do grupo. As marcas com mais asiáticos em destaque foram Embratel, Prime Video e Unilever, e apenas 1,9% das publicações apostam na representação de pessoas idosas, número que sofreu uma queda pois, no levantamento de 2018, a representação foi de 10%.
Quando considerados corpos com deficiência, esses apresentam a maior disparidade da pesquisa. São apenas 0,8% na representação do levantamento contra 6,7% da população brasileira. Segundo o IBGE 2010, somente no nordeste brasileiros existem mais de 125 mil PCD. Já as pessoas indígenas tiveram só 0,2% de presença nas publicações com bens de consumo, se destacando como categoria com maior representação do grupo.