Pressionadas por Green Deal, empresas da UE pedem regulamentação ao Brasil
Em carta, empresas madeireiras pedem por mais concessões federais e estaduais de florestas para certificação de madeira importada de biomas brasileiros
Maria Clara Dias
Publicado em 6 de julho de 2021 às 15h00.
Última atualização em 6 de julho de 2021 às 19h20.
Um grupo de grandes empresas europeias do setor madeireiro está trabalhando para pressionar o Brasil a adotar melhores práticas na extração de madeira. Em carta, mais de 30 companhias, associações e organizações não governamentais signatárias do Forest Stewardship Council (FSC), ou Conselho de Manejo Florestal, fórum setorial que reúne entidades do setor em defesa do manejo florestal consciente, pedem por mais concessões públicas para florestas nacionais.
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Às vistas do Green Deal , iniciativa da UE que pretende acelerar a economia de baixo carbono, as empresas do bloco se veem particularmente pressionadas a adotar práticas sustentáveis. Como resultado, na carta, elas listam as principais descobertas a respeito da extração de madeira nos mercados onde atuam e apontam para uma demanda crescente por produtos de menor impacto socioambiental. “Nós sofremos cobranças mais rigorosas na documentação em termos de legalidade e sustentabilidade, tanto de autoridades quanto de profissionais e consumidores”, dizem.
Entre os signatários estão as empresas dinamarquesas Keflico e Global Timber, a belga Vandecasteele e a alemã BioMaderas.
Entre as tendências resultantes do esforço da UE em minimizar o desmatamento e impacto ambiental está o incentivo ao consumo de produtos provenientes de cadeias de fornecimento livres de desmatamento, como a madeira tropical, dizem.
O FSC também é responsável por certificar a extração de madeira, oferecendo um selo a companhias que adotam práticas responsáveis de manejo. Segundo o grupo, o Brasil tem hoje 7,9 milhões de hectares certificados e 146 empresas, associações e coopertivas com a certificação para manejo florestal do FSC.
Entre as empresas brasileiras certificadas pelo FSC estão as gigantes de papel e celulose Suzano e Klabin e as madeireiras Agrocortex e Mil Madeiras. Já entre os membros do coletivo estão associações como a Indústria Brasileira de Árvores (Ibá), World Wide Fund for Nature (WWF), Idesam, The Nature Conservancy (TNC), SOS Mata Atlântica, Rede Mulher Florestal, entre outras.
Segundo as empresas, um dos principais gargalos no processo de certificação de florestas é a incerteza entre os produtores com relação à demanda por madeira certificada FSC. Com a carta, a intenção é mostrar que a demanda existe, e é grande.
Sem definir metas, as companhias dizem no texto esperar trazer uma “motivação extra para iniciar ou retomar processos que levem a aumentar as áreas de concessão florestal federal e estadual e a área florestal certificada pelo FSC no Brasil". Entretanto, na estratégia global do FSC Internacional existe um objetivo definido de dobrar a área certificada de florestas naturais tropicais, o que inclui o Brasil, explicam.
A carta conjunta será enviada para os Ministérios do Meio Ambiente, Economia e Relações Exteriores.
“Atualmente, das florestas nativas na Amazônia brasileira, 75% — ou cerca de 400 milhões de hectares— são de florestas públicas federais, estaduais ou municipais. Mas, desse total, pouco mais de um milhão de hectares estão em regime de concessão florestal”, explica o FSC Brasil. “Por isso o pedido para que esse número aumente. Porque o potencial é enorme e, no caso das concessões (mas não só delas), todas as etapas do manejo são criteriosamente monitoradas, gerando benefícios financeiros e sociais enquanto mantém-se a floresta em pé”.
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