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Lula na COP28: a conta da mudança climática não é a mesma para todos

Na manhã desta sexta-feira, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva discursou entre chefes de estado e delegados dos países que participam da Conferência das Partes sobre Mudanças Climáticas, a COP28; veja discurso

Luiz Inácio Lula da Silva discursa na COP28 (Chris Jackson/Getty Images)

Luiz Inácio Lula da Silva discursa na COP28 (Chris Jackson/Getty Images)

Marina Filippe
Marina Filippe

Repórter de ESG

Publicado em 1 de dezembro de 2023 às 06h25.

De Dubai*

Na manhã desta sexta-feira, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva discursou entre chefes de estado e delegados dos países que participam da Conferência das Partes sobre Mudanças Climáticas, a COP28. Lula começou citando a queniana Wangari Maathai, vencedora do prêmio Nobel da Paz. "Disse ela: “A geração que destrói o meio ambiente não é a geração que paga o preço", se referindo aos temas de justiça climática e do valor que países ricos se comprometeram a enviar para que os países em desenvolvimento possam se adaptar.

Assim, o presidente cobrou mais ação e lembrou de tragédias no Brasil. "No Norte do Brasil, a Amazônia amarga uma das mais trágicas secas de sua história. No Sul, tempestades e ciclones deixam um rastro inédito de destruição e morte. A ciência e a realidade nos mostram que desta vez a conta chegou antes. O planeta já não espera para cobrar da próxima geração. O planeta está farto de acordos climáticos não cumpridos. De metas de redução de emissão de carbono negligenciadas. Do auxílio financeiro aos países pobres que não chega. De discursos eloquentes e vazios. Precisamos de atitudes concretas. Quantos líderes mundiais estão de fato comprometidos em salvar o planeta?", disse.

Ainda sobre a justiça climática, Lula usou o dado recém divulgado de que o 1% mais rico do planeta emite o mesmo volume de carbono que 66% da população mundial.

"A conta da mudança climática não é a mesma para todos. E chegou primeiro para as populações mais pobres. Trabalhadores do campo, que têm suas lavouras de subsistência devastadas pela seca, e já não podem alimentar suas famílias. Moradores das periferias das grandes cidades, que perdem o pouco que têm quando a enchente arrasta tudo: casas, móveis, animais de estimação e seus próprios filhos. A injustiça que penaliza as gerações mais jovens é apenas uma das faces das desigualdades que nos afligem. O mundo naturalizou disparidades inaceitáveis de renda, gênero e raça. Não é possível enfrentar a mudança do clima sem combater as desigualdades".

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O presidente falou ainda sobre a pouca ação desde o Acordo de Paris. "Em 2009, quando participei da COP15, em Copenhague, a arquitetura da Convenção do Clima estava à beira do colapso. As negociações fracassaram e foi preciso um grande esforço para recuperar a confiança e chegar ao Acordo de Paris, em 2015. Ao retornar à presidência do Brasil, constato que estamos, hoje, em situação semelhante".

Em seguida, citou ainda a COP30 e o papel do Brasil no tema. "O Brasil está disposto a liderar pelo exemplo. Ajustamos nossas metas climáticas, que são hoje mais ambiciosas do que as de muitos países desenvolvidos. Reduzimos drasticamente o desmatamento na Amazônia e vamos zerá-lo até 2030. Formulamos um plano de transformação ecológica, para promover a industrialização verde, a agricultura de baixo carbono e a bioeconomia".

Por fim, Lula deixou uma mensagem de coletividade. "Vamos trabalhar de forma construtiva, com todos os países, para pavimentar o caminho entre esta COP 28 e a COP30, que sediaremos no coração da Amazônia. Não existem dois planetas Terra. Somos uma única espécie, chamada Humanidade".

O discurso de Lula foi pouco depois da primeira dama Janja Lula da Silva se reunir com mulheres na COP28 para comentar propostas e ações de equidade de gênero nas mudanças climáticas e na economia.

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