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Klabin embarca em crescente onda de investimentos verdes

A emissão de meio bilhão de dólares em títulos verdes é a venda mais barata já feita pela empresa, e deve gerar uma economia de 2 bilhões por ano

Klabin: produtora de papel e celulose emitiu US$ 500 milhões em títulos verdes (Germano Lüders/Exame)
MC

Maria Clara Dias

Publicado em 12 de janeiro de 2021 às 17h08.

A Klabin acaba de concluir sua venda de títulos mais barata na história recente da produtora de papel e celulose, justo quando investimentos verdes decolam no Brasil.

Os 500 milhões de dólares em títulos de 10 anos atrelados à sustentabilidade com cupom de 3,2% receberam ordens de compra 10 vezes acima da oferta, segundo Marcos Maciel Marques da Costa, diretor de relações com investidores da empresa.

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O forte apetite de investidores durante a pandemia destaca o potencial na América Latina para o financiamento ESG, sigla para critérios ambientais, sociais e de governança que incluem metas verdes, como redução das emissões de carbono e uso de água. Esses investimentos oferecem uma nova fonte de capital para empresas que tradicionalmente contam com bancos de desenvolvimento, private equity e ofertas públicas de ações.

“Por incrível que pareça, ainda vemos algumas pessoas em 2021 que pensam que as práticas ambientais são apenas um custo e não um caminho para o sucesso econômico”, disse Da Costa, explicando que a emissão de um título convencional custaria à Klabin 2 milhões de dólares a mais por ano em pagamento de juros.

O cupom de 3,2% é o menor já registrado para um título em dólar emitido pela Klabin, segundo dados da Bloomberg. Mas, embora estimativas indiquem que o financiamento sustentável atingiu recorde global em 2020, a América Latina ainda tenta recuperar o atraso.

“Você tem uma situação em que a oferta é limitada, mas a demanda está crescendo em ritmo muito mais rápido”, disse Chris Gilfond, responsável por mercados de capitais na América Latina do Citigroup, que ocupou o segundo lugar no ranking da Bloomberg de subscritores de títulos para a região, com base no volume de 2020.

A onda de emissões também veio com ressalvas, como o potencial de “greenwashing”. “A questão para alguns é: ‘Como sabemos realmente que estão tendo impacto?’”, disse Gilfond, em referência se os recursos são gastos em projetos que atendam às metas ambientais, sociais e de governança.

Para Manuela Kayath, o mercado se acelera a tempo de seu terceiro projeto de captura de gás de aterros. Com sede no Rio de Janeiro, a MDC, onde Kayath é CEO, contempla uma emissão de títulos sustentáveis em reais para financiar seu próximo projeto de captura e purificação do gás emitido em aterros.

A MDC já está em contato com instituições como Banco Santander, XP e Banco BTG Pactual para emitir debêntures, provavelmente em 2022.

Por enquanto, também há muito interesse em emissões que não atendam às metas ESG. A Pampa Sul, por exemplo, uma usina de carvão subsidiária da Engie, vendeu 922 milhões de reais em títulos no ano passado com demanda quatro vezes acima da oferta.

As sólidas perspectivas econômicas para o projeto prevaleceram em um ano de poucas emissões, disse Marta Veloso, responsável por infraestrutura e financiamento de projetos da Fitch Ratings no Brasil, que classificou os títulos da Pampa com nota AAA.

Embora o setor não tenha uma orientação clara sobre como classificar empresas e projetos, será mais fácil comercializar produtos de investimento quando as classificações ESG se tornarem mais estabelecidas, disse Kayath.

“Vemos todos os grandes bancos criando divisões de negócios ou equipes ESG especializadas para financiamento ou alocação de recursos”, disse Kayath em entrevista. “Essa mudança foi inesperadamente rápida.”

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