ESG

Guerra impulsiona corrida pelo hidrogênio verde na Europa

Fundos de investimento estão se juntando a governos e empresas do setor elétrico com planos ambiciosos para tornar o hidrogênio um substituto viável para os combustíveis fósseis

Ucrânia: Prédios destruídos na cidade de Borodianka, a noroeste de Kiev (Sergei SUPINSKY/AFP)

Ucrânia: Prédios destruídos na cidade de Borodianka, a noroeste de Kiev (Sergei SUPINSKY/AFP)

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Bloomberg

Publicado em 11 de abril de 2022 às 14h00.

O esforço da Europa para cortar sua dependência do gás natural russo está gerando bilhões de dólares em novos compromissos para a construção de um mercado para o hidrogênio feito com baixo uso de carbono.

Um salto de quase 450% no preço do gás na Europa em um ano tornou o combustível alternativo do futuro competitivo em termos de custos cerca de uma década antes do previsto, de acordo com a BloombergNEF.

Agora, fundos de investimento estão se juntando a governos e empresas do setor elétrico com planos ambiciosos para tornar o hidrogênio um substituto viável para os combustíveis fósseis em fábricas, transporte e aquecimento.

“É uma espécie de ponto de inflexão”, disse Phil Caldwell, diretor executivo da Ceres Power Holdings uma empresa de tecnologia de hidrogênio com sede no Reino Unido. “Você verá esse capital chegando em grande escala agora. Não há como voltar atrás.”

A Rússia ficou relegada ao ostracismo no cenário mundial por invadir a Ucrânia, mas alguns de seus críticos mais severos ainda precisam de seu petróleo e gás para manter suas economias funcionando. A Europa está acelerando os esforços para quebrar essa dependência.

O grupo Fortescue Metals planeja um projeto de US$ 50 bilhões para a cadeia de abastecimento de hidrogênio com a gigante alemã de energia E.On. A Scatec da Noruega está construindo uma planta de produção de US$ 5 bilhões. E o fundo de investimento Hy24 está destinando US$ 1,6 bilhão para infraestrutura.

A importância do hidrogênio já estava crescendo, principalmente por causa de seus benefícios climáticos, mas a guerra ampliou o interesse dos investidores ao destacar a necessidade de segurança energética, disse o bilionário fundador da Fortescue, Andrew Forrest, em entrevista.

“Isso acelerou os fluxos de dinheiro”, disse Forrest em Londres. “Depois que os tanques cruzaram a fronteira, não há mais aquela consciência em ação na mente das pessoas. É uma necessidade física e fiscal.”

Cerca de 93% dos produtores, usuários e investidores de hidrogênio que participaram de uma mesa redonda da BNEF mês passado disseram esperar que a guerra impulsione o desenvolvimento da indústria de hidrogênio verde. O apoio à produção doméstica e às importações de fontes confiáveis será fundamental, disseram os participantes.

Há muito tempo o hidrogênio verde tem sido mais caro de produzir do que o tipo tradicional, que é feito de gás natural em um processo que libera dióxido de carbono na atmosfera.

Isso está começando a mudar. Os analistas da BNEF calculam que o hidrogênio verde, feito por máquinas chamadas eletrolisadores movidas a energia eólica e solar, seriam hoje competitivos em termos de custos com o produto baseado em combustível fóssil.

“Sem dúvida, a viabilidade do hidrogênio renovável melhorou significativamente”, disse Martin Neubert, diretor comercial da Orsted, que planeja produzir hidrogênio verde para a gigante do transporte marítimo A.P. Moller-Maersk. A Orsted é a maior desenvolvedora de parques eólicos marítimos do mundo.

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