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Títulos ´verdes: emissões que permitem financiamento para projetos ambientais e sociais cresceu sete vezes no último ano (Thinkstock/Divulgação)
O mercado global de dívida sustentável cresceu 29%, para um recorde de 732 bilhões de dólares no ano passado, puxado por uma onda de emissões de títulos para projetos sociais em meio à crise causada pela pandemia, segundo a BloombergNEF.
“A sustentabilidade continua a avançar na agenda de investidores, empresas e governos”, disse Mallory Rutigliano, analista de finanças sustentáveis da BNEF, em relatório na segunda-feira. “Este mercado relativamente novo agora é visto como uma ferramenta que as economias globais podem usar para uma reconstrução mais verde e socialmente mais justa.”
A emissão de títulos sociais se multiplicou por sete em 2020, para 147,7 bilhões de dólares, quando governos e empresas captaram recursos para alívio da pandemia em meio à forte demanda de investidores, disse a BNEF. A emissão de títulos de sustentabilidade - que permitem aos emissores usarem os recursos para projetos verdes e sociais - aumentou 81%, para 68,7 bilhões de dólares no período.
Entre os maiores emissores de títulos sociais no ano passado está a União Europeia, que acessou o mercado três vezes para financiar um programa de apoio ao emprego, com ordens de compra para todas as emissões bem acima do ofertado. A Unédic Asseo, agência que administra o seguro-desemprego na França, levantou 4 bilhões de euros em maio para financiar sua resposta à Covid-19, a maior oferta de um título social, seguida por outra emissão do mesmo porte em junho.
As vendas de títulos verdes - a maior categoria de dívida sustentável por volume em dólares - cresceram 13%, para um recorde de 305,3 bilhões de dólares, após uma desaceleração no primeiro semestre do ano, disse a BNEF. Desde 2007, as emissões acumuladas de títulos verdes superam 1 trilhão de dólares.
No entanto, as vendas globais de empréstimos atrelados a ESG, sigla em inglês para critérios ambientais, sociais e de governança, caíram no ano passado. As vendas de empréstimos vinculados à sustentabilidade - que têm taxas de juros atreladas ao desempenho dos emissores em metas de sustentabilidade - e créditos verdes caíram 15% para 119,5 bilhões de dólares e 80,3 bilhões de dólares, respectivamente, de acordo com a BNEF.
O apoio de reguladores e bancos centrais ao redor do mundo, como do Banco Central Europeu, sinaliza “crescimento ainda mais sólido” do mercado de dívida sustentável, apesar da necessidade de mais escrutínio e transparência, de acordo com Maia Godemer, analista de finanças sustentáveis da BNEF.
“A crescente demanda de investidores e partes interessadas incentivará o mercado de dívida sustentável a inovar e impulsionará novos tipos de instrumentos”, disse.
Com um governo democrata nos EUA, as emissões de títulos corporativos que financiam projetos ambientais e socialmente responsáveis devem aumentar ainda mais. O JPMorgan Chase prevê crescimento de 30% na emissão global de títulos verdes, sociais e atrelados à sustentabilidade neste ano.