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Construção de prédio da Brasil ao Cubo: startup aposta em estruturas modulares de aço (Brasil ao Cubo/Facebook/Reprodução)
Rodrigo Caetano
Publicado em 4 de maio de 2022 às 15h46.
Medium density fiberboard. Poucas pessoas devem reconhecer o significado dessas palavras, no entanto, todo mundo possui algum móvel feito de MDF, que são painéis de madeira com fibras de média densidade (medium density fiberboard). A chegada do produto ao Brasil, na década de 90, revolucionou a indústria moveleira, e criou toda uma cadeia de serviços que abrange desde grandes fabricantes até marceneiros autônomos.
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Inovações tecnológicas na indústria costumam ter um efeito multiplicador ao criar cadeias de valor extensas. Novos materiais demandam profissionais capacitados, que precisam ser treinados. O acesso aos produtos aumenta, o que promove o setor de serviços. É um ciclo que a Dexco, antiga Duratex, primeira fabricante de MDF do país, conhece bem.
“Nossas cadeias são grandes e diversificadas, o que multiplica nosso impacto”, disse Guilherme Setubal, gerente de ESG da Dexco, em entrevista à EXAME.
Em maio de 2020, a companhia iniciou um processo de redesenho de sua estratégia de sustentabilidade, criada em 2016. O processo foi concluído no ano passado e resultou em um novo conjunto de pilares que abrangem três dimensões: consumidor, empresa e sociedade -- a estratégia anterior tinha quatro pilares, pessoas, processos, produtos e serviços.
“Não abandonamos as metas anteriores, muitas das quais já foram atingidas. Fizemos esse redesenho para refletir melhor o cenário atual”, diz Setubal. Uma das tendências observadas foi a mudança de viés dos investidores em relação ao propósito das companhias, que deixa de ser o retorno ao acionista, para se concentrar na geração de valor para a sociedade, o chamado capitalismo de stakeholder.
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A nova abordagem ESG da companhia se reflete, por exemplo, em investimentos em tecnologias e iniciativas que promovam uma quebra de paradigma na construção e reforma. A ideia é facilitar a construção e incentivar a reforma consciente, com menos recursos, menos desperdício e maior velocidade.
Setubal enxerga o futuro da companhia mais ligado ao setor de construção, em que a Dexco atua na fase de acabamento, do que nos painéis de MDF, mercado de produtos mais padronizados, semelhante às commodities. “Na área de madeira, vamos seguir investindo em produtos de qualidade, porém, a tendência é que o segmento responda por um porcentual cada vez menor da receita”, diz o executivo.
É nesse ponto em que fica clara a conexão entre a estratégia ESG da Dexco e a visão de negócios. Setubal acredita que a construção irá passar por uma série de transformações em função da migração para uma economia de baixo carbono. Novos sistemas construtivos e materiais mais eficientes terão grande demanda, e o maior valor estará na capacidade de entregar soluções de baixo impacto ambiental.
O novo posicionamento se reflete, também, nos investimentos. Em janeiro, a Dexco anunciou um aporte de 74 milhões de reais na construtech Brasil ao Cubo, de Santa Catarina, que desenvolve soluções construtivas modulares. A ideia da startup é concentrar a maior parte da obra na fábrica de módulos, feitos de perfis metálicos de aço, e apenas finalizar a construção no canteiro. A siderúrgica Gerdau também possui uma participação na Brasil ao Cubo.
Em setembro do ano passado, foi realizado um investimento de 15 milhões de reais na Noah, uma construtech especializada em edifícios de madeira, com menor pegada de carbono. A empresa utiliza duas tecnologias semelhantes ao MDF, o CLT e o MLC, que podem ser usadas em estruturas.
Como parte do plano ESG, a companhia planeja investir 140 milhões, até 2025, em projetos e iniciativas que promovam as reformas conscientes e a mudança do paradigma construtivo. Esse montante será destinado a programas de inovação aberta, intraempreendedorismo e na criação de um fundo de investimento em startups.
Outra meta estabelecida é a de aumentar em 26% o número de profissionais capacitados pela companhia, tendo como referência os mais de 27 mil de 2020. Além disso, a Dexco se comprometeu a ter um balanço positivo de carbono (capturar mais do que emitir) até 2030. Para isso, terá de reduzir as emissões absolutas de escopo 1 e 2 em 37% e aumentar a proporção das fontes renováveis na matriz energética em 50%. Hoje, mais da metade da energia utilizada nas fábricas é limpa.