Desmatamento na Amazônia: cenário de janeiro de 2021 é de queda, mas ainda é preciso cautela
A redução da área desmatada foi de 60% quando comparada ao mês anterior e de 70% quando comparado ao mesmo período de 2020, de acordo com dados do Deter/Inpe
Maria Clara Dias
Publicado em 19 de fevereiro de 2021 às 11h00.
Última atualização em 19 de fevereiro de 2021 às 15h29.
Em janeiro de 2021 o desmatamento identificado pelo sistema de monitoramento Deter/Inpe na Amazônia totalizou 85,74 quilômetros quadrados. Este valor representa uma queda de aproximadamente 60% em relação ao mês anterior e de 70% quando comparado ao mesmo período de 2020.
De maneira geral, existem tendências de maior ou menor intensidade de alterações na cobertura florestal na Amazônia durante o ano. Janeiro é normalmente um período de elevado volume de chuvas na maior parte da região, o que contribui para uma redução no desmatamento.
Devido à influência das chuvas na dinâmica do desmatamento são esperados picos de ocorrência na estação seca, assim como baixa atividade nos meses mais chuvosos. Isso se deve tanto a fatores externos, como a dificuldade de acesso, quanto a fatores inerentes ao próprio processo de desmate, como o frequente uso do fogo para a limpeza da área recém-desmatada.
Além disso, a presença de nuvens nas imagens de satélite impossibilita o monitoramento de algumas áreas, podendo contribuir para a diminuição na identificação de desmatamento durante o período chuvoso. Apesar dessa relação, a chuva não é o único fator de influência no processo. O desmatamento é resultado de um conjunto de fatores políticos e econômicos, além da fiscalização governamental e das ações para a aplicação da legislação vigente.
Os cinco municípios que mais desmataram em janeiro de 2021
Uma característica importante a ser observada é onde foi identificada a maior quantidade de desmatamento. Dos cinco municípios com maiores áreas desmatadas em janeiro, apenas um deles, Altamira, no Pará (8,4 km2), está entre os municípios que mais desmataram em 2020. Além disso, todos os outros quatros municípios estão localizados no estado do Mato Grosso: Confresa – MT (7,6 km2), Nova Ubiratã (6,2 km2), Itaúba – MT (5,2 km2) e Peixoto de Azevedo – MT (5.1 km2). Conheça um pouco mais sobre estes municípios.
Disclaimer
Essas análises foram embasadas no Deter, o sistema de monitoramento e alerta de desmatamento e outras alterações da cobertura florestal na Amazônia, desenvolvido pelo Inpe para dar suporte à fiscalização, através do repasse diário dos dados mapeados para o Ibama e outros órgãos competentes. Esse sistema monitora vegetação com fisionomia florestal dentro da Amazônia Legal Brasileira, excluindo áreas previamente desmatadas. Portanto, não são contabilizadas as áreas que passaram por desmatamento no passado, estavam em processo de regeneração florestal e foram novamente desmatadas.
A identificação de alterações da cobertura florestal é feita por interpretação visual de especialistas, com área mínima próxima a 3 hectares. Para o público geral são disponibilizadas as áreas superiores a 6.25 hectares através do site. A metodologia e as estatísticas de validação do Deter publicadas em artigo científico está disponível em: https://doi.org/10.1109/JSTARS.2015.2437075.
Embora o Inpe enfatize que a finalidade do Deter seja a expedição de alertas para suportar a fiscalização e que os números oficiais do desmatamento na Amazônia Legal Brasileira sejam fornecidos anualmente pelo Sistema Prodes, a divulgação do Deter tem permitido que a sociedade acompanhe mais de perto a dinâmica do desmatamento na região.
EXAME começará a acompanhar dados mensais de desmatamento
A EXAME irá trazer todos os meses informações sobre o desmatamento na Amazônia, comunicando de forma clara, a partir de fontes oficiais, a situação mensal, para que essa dinâmica possa ser acompanhada mais de perto pela sociedade. Mostraremos a evolução da área desmatada, a localização dos principais focos de desmatamento e quais as principais atividades econômicas nas regiões mais desmatadas.