Como o W20 e o G20 estão se desafiando a alcançar a equidade de gênero
"Apesar de estarmos unidos no objetivo de criar um mundo justo para todas nós, possuímos características, culturas, pensamentos e vivências distintas", conta Ana Fontes, da Rede Mulher Empreendedora para EXAME Plural
Plataforma feminina
Publicado em 25 de março de 2024 às 17h42.
Última atualização em 25 de março de 2024 às 17h55.
Por Ana Fontes*
O G20 (Grupo dos 20) é um fórum de cooperação internacional composto de 20 países (África do Sul, Alemanha, Arábia Saudita, Argentina, Austrália, Brasil, Canadá, China, Coreia do Sul, Estados Unidos, França, Índia, Indonésia, Itália, Japão, México, Reino Unido, Rússia e Turquia). A União Europeia também faz parte do Grupo, e agora, pela primeira vez, a União Africana integra o G20, visando potencializar as discussões e fortalecer a economia global por meio de estratégias de desenvolvimento compartilhadas. A cada ano, um país é selecionado para sediar esse diálogo; o Brasil assumiu a presidência rotativa do G20 pela primeira vez, e esta será sediada no Rio de Janeiro.
Dentro do G20, existem grupos de engajamento organizados que lidam com temas específicos nos principais objetivos discutidos pelo G20. O W20 (Women 20), do qual faço parte desde 2017 e atuo como presidente do grupo, concentra-se em questões relacionadas à causa das mulheres. Em reuniões de diálogos pelo modelo de consenso com todos os países, as delegadas discutem e elaboram uma pauta (communique) de recomendações para ser incluída no documento final e oficial do G20.
É importante ressaltar que essa discussão não é tão simples quanto parece. Apesar de estarmos unidos no objetivo de criar um mundo justo para todas nós, possuímos características, culturas, pensamentos e vivências distintas. Portanto, essa pauta precisa surgir de um consenso que seja aceitável para todas. O W20 desempenha um papel crucial na promoção da igualdade de gênero e na garantia de que as vozes e necessidades das mulheres sejam ouvidas e principalmente sejam pautas prioritárias nas agendas de políticas globais.
Esse movimento é imprescindível quando falamos em promover a equidade de gênero, pois as mudanças surgem a partir de diálogos. Quando falamos do empoderamento econômico das mulheres, não podemos ignorar que, para que uma mulher prospere, precisamos dividir toda a carga que ela carrega consigo e com quem está ao seu redor. O trabalho de cuidado, além de ser feito majoritariamente por mulheres, as impede de alcançar seus próprios objetivos pessoais e profissionais.
O W20 tem contribuído para avanços significativos na promoção da igualdade de gênero, mas ainda enfrenta desafios, como a implementação efetiva de políticas e a mudança cultural. Com uma equipe composta por 97 mulheres, incluindo 9 representantes brasileiras, o W20 reúne vozes poderosas. Estou ao lado de potências como a Maria Rita Spina, líder na temática "Mulheres e acesso ao capital", Adriana Carvalho, à frente do tema "Mulheres empreendedoras, negócios e economia do cuidado", e Janaina Gama, dedicada ao tópico "Mulheres negras e negócios".
*Ana Fontes é CEO e Fundadora Rede Mulher Empreendedora