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Davos, na Suíça, receberá mais de 2.800 participantes de 120 países entre 20 e 24 de janeiro (WEF/Divulgação)
Editora ESG
Publicado em 15 de janeiro de 2025 às 09h19.
Última atualização em 15 de janeiro de 2025 às 10h11.
Às vésperas do início do Fórum Econômico Mundial em Davos, foi divulgado nesta quarta-feira (15) o Global Risks Report 2025, estudo que tradicionalmente orienta as principais discussões do evento. Produzido pela organização do Fórum, o documento aponta os mais relevantes desafios globais com base na opinião de 900 especialistas, políticos e líderes empresariais, consultados entre setembro e outubro de 2024.
Em sua 20ª edição, o relatório analisou 33 categorias de riscos e revelou um cenário preocupante, marcado sobretudo por três grandes ameaças: o agravamento das tensões geopolíticas, a intensificação das crises ambientais e o aumento da desinformação. Neste ano, a reunião acontecerá entre 20 e 24 de janeiro - uma semana mais tarde que o habitual - em Davos-Klosters, com o tema "Colaboração para a Era Inteligente".
O evento reunirá mais de 2.800 participantes de 120 países, incluindo 60 chefes de Estado e de governo. Havia especulações de que o adiamento do Fórum seria uma tentativa de viabilizar a presença de Donald Trump, que assume a presidência dos Estados Unidos no dia 20, data de abertura do evento em Davos.
No entanto, nesta terça (14), foi confirmada a participação virtual do governante, que discurssará no dia 23, três dias após sua posse nos EUA. Espera-se que ele apresente as prioridades de seu novo governo durante o diálogo com os participantes.
Conforme o relatório, 25% dos especialistas consideram o conflito armado entre países o maior risco para 2025, e mais de 50% preveem forte instabilidade nos próximos dois anos em decorrência deste contexto. Esta é uma preocupação que já vinha crescendo nas últimas edições do relatório. Contudo, em 2023, apenas 15% dos especialistas apontavam conflitos interestatais como principal risco.
A desinformação permanece como preocupação central pelo segundo ano consecutivo, por representar uma ameaça à estabilidade social e política. O cenário torna-se ainda mais complexo após a Meta, dona do Facebook e Instagram, ter suspendido seu programa de checagem de fatos nos Estados Unidos. O relatório de 2024 já alertava para o risco crescente da desinformação impulsionada por inteligência artificial, previsão que se confirmou ao longo do ano.
Na análise de longo prazo (10 anos), os riscos ambientais lideram as preocupações, com especial atenção após 2024 ter sido confirmado como o ano mais quente já registrado na superfície da Terra, segundo relatório da Organização Meteorológica Mundial (OMM). A temperatura média global ficou 1,48°C acima dos níveis pré-industriais, ultrapassando pela primeira vez o limite de 1,5°C estabelecido pelo Acordo de Paris.
No estudo do Fórum, eventos climáticos extremos aparecem em primeiro lugar entre os riscos, seguidos por perda de biodiversidade, destruição de ecossistemas, alterações nos sistemas terrestres e escassez de recursos naturais. As edições anteriores do relatório já apontavam esta tendência - desde 2020, os riscos ambientais têm ocupado as primeiras posições nas previsões de longo prazo.
O pessimismo econômico se intensifica, com 71% dos especialistas prevendo cenário de estagnação nos próximos três anos. O relatório aponta para um aumento significativo da desigualdade, com estimativa de que 3 bilhões de pessoas podem cair na pobreza extrema até 2030 se as tendências atuais se mantiverem.
As edições anteriores do Global Risks Report já davam pistas do agravamento deste cenário. Em 2022, 63% dos especialistas previam aumento da desigualdade, número que subiu para 68% em 2023 e 71% em 2024. O relatório atual evidencia também a interligação entre diferentes riscos: questões econômicas conectam-se a tensões sociais e geopolíticas; desafios tecnológicos vinculam-se à desinformação e ao desenvolvimento da inteligência artificial.
O relatório deste ano estabelece as bases para os debates do Fórum, que completa 53 anos em 2024. A reunião buscará desenvolver parcerias para um futuro mais sustentável e inclusivo, em um momento em que a cooperação global enfrenta desafios sem precedentes e o próprio formato do multilateralismo está em xeque.
Criado em 1971 pelo economista Klaus Schwab, o Fórum Econômico Mundial surgiu como uma pequena conferência sobre práticas de gestão empresarial. Ao longo das últimas cinco décadas, transformou-se no principal encontro global de líderes políticos e empresariais.
Entre seus marcos estão a Declaração de Davos de 1973, que estabeleceu princípios de gestão empresarial sustentável, e o encontro histórico entre Nelson Mandela e Frederik de Klerk em 1992.