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Alagoas: Projeto Sururu evita o descarte de cascas de mariscos e gera renda para pescadores (Divulgação)
Jornalista
Publicado em 18 de dezembro de 2024 às 16h00.
Buscar formas de encontrar novos usos para resíduos que iriam para o lixo e depois para aterros sanitários tem sido um desafio para os mais diferentes setores da economia mundial. Não faltam pesquisas com soluções para reduzir os descartes e dar a eles novos usos.
Alinhadas ao conceito da economia circular, duas empresas de setores diferentes conseguiram desenvolver produtos que reaproveitam o que seria descartado e que têm a mesma função: o uso como revestimento.
A rede de franquias Posê Estética tem as paredes de parte de seus salões de depilação revestidas com placas produzidas com a cera descartada na depilação de clientes. Já o Grupo Portobello lançou uma linha que tem entre os seus componentes as cascas de sururu, um marisco pescado por família no litoral de Alagoas.
O Projeto Sururu é uma iniciativa busca trabalhar a sustentabilidade e o desenvolvimento social, promovida pelo Grupo Portobello em colaboração com o Instituto de Desenvolvimento Sustentável (IABS) e o Big Lab.
A pesca do sururu ainda é feita de forma tradicional e artesanal na comunidade do Vergel, em Alagoas. Por mês, são geradas 300 toneladas de resíduos orgânicos a partir dessa atividade, que serve como subsistência de parte dos moradores locais.
Com o modelo de economia circular, além de diminuir o impacto ambiental, o projeto contribui com o aumento da renda. O primeiro produto fabricado com as cascas de mariscos misturadas ao cimento, o cobogó Mundaú, foi lançado pelo Grupo Portebello em 2019, em parceria com os designers Marcelo Rosenbaum e Rodrigo Ambrosio. A linha seguinte foi a Solar.
Hoje, os revestimentos com o biomaterial são encontrados nas lojas Portobello Shop na linha Fita. Chris Ferreira, CCO do Grupo Portobello, conta que a empresa é responsável pelo desenvolvimento de produto, apoio ao processo produtivo, a logística e a distribuição. Tanto a empresa quanto os franqueados têm margem zero de ganho com a venda das linhas que usam as cascas de marisco. O lucro é repassado para a gestão do projeto, pagamento de funcionários e para a comunidade.
Com a tecnologia para a produção das peças e a logística para levar as cascas de mariscos para unidades de produção, hoje o Grupo Portobello já detém o conhecimento para expandir o projeto para outras comunidades dedicadas à pesca de marisco.
Caminho da cera
Karla Lima , CEO da Posê, conta que as unidades mais antigas da rede de franquias têm passado por uma modernização. Parte da mudança inclui a atualização visual das clínicas e o uso dos revestimentos fabricados com a cera de depilação.
Depois de algumas conversas, que incluíram a Universidade Federal de Goiás, se chegou ao ponto de partida para o desenvolvimento do produto, fabricado por uma empresa do setor de revestimentos, também goiana.
“Sempre tivemos um volume grande de cera que ia para o lixo, apesar de ser um material muito rico em suas características e muito caro”, relembra a empresária.
Desde o início do projeto, em 2019, foram produzidas cerca de 7 toneladas de revestimentos e quase 1 tonelada de cera deixou de ir para o lixo. O material passa por uma série de processos, que incluem a filtragem e limpeza.
No modelo atual, 10% do material usado nas clínicas de estética da Posê é transformado em placas para paredes. Todas as franquias abertas a partir de 2019 usam os revestimentos
“O aproveitamento da cera faz parte de uma série de iniciativas para que tenhamos cada vez menos uso desnecessário de recursos. É assim com sacolas, copos e papéis, por exemplo”, explica a fundadora da Posê, que segue com pesquisas para ampliar as iniciativas.