ESG

Bilionários nunca doaram tanto como na pandemia. E escolhem novos alvos

Volume doado superou marca de 7 bilhões de dólares de março a junho, por meio de repasses de 209 bilionários no mundo

Os bilionários Bill Gates e Warren Buffett: doações na pandemia para causas sociais (Daniel Acker/Bloomberg)

Os bilionários Bill Gates e Warren Buffett: doações na pandemia para causas sociais (Daniel Acker/Bloomberg)

MS

Marcelo Sakate

Publicado em 18 de outubro de 2020 às 15h53.

Quando Warren Buffett fez uma doação de ações da sua holding Berkshire Hathaway para cinco instituições de caridade, em montante equivalente a 2,9 bilhões de dólares, em julho, não foi um ato isolado.

A pandemia do novo coronavírus despertou uma onda global de doações pelas pessoas mais ricas do mundo. É um volume recorde de filantropia que chegou a 7,2 bilhões de março a junho, por meio de repasses de 209 bilionários, segundo relatório do banco suíço UBS com a consultoria PwC.

A conta não inclui a doação do fundador da Duty Free, Charles “Chuck” Feeney, de 89 anos, que realizou um sonho inusitado no mês passado: doar toda a sua fortuna enquanto vivo.

O volume reportado no estudo tende a ser ainda maior, de acordo com os autores, na medida em que muitas doações não foram divulgadas ou se deram por meio do pagamento de tratamento para a covid-19, algo mais difícill de ser mensurado.

"São os dias iniciais, mas bilionários podem estar diante de um ponto de inflexão, direcionando energia e riqueza para atacar problemas socioambientais que a pandemia e os recentes desastres naturais destacaram. Vários sinais sugerem isso", escrevem os autores do estudo.

"Empreendedores estão se tornando filantropistas mais cedo em suas carreiras do que o previsto", afirmam.

É preciso fazer a ressalva, porém, de que a fortuna das pessoas mais abastadas do mundo também cresce de maneira expressiva. Do valor de recorde 8,9 trilhões de dólares ao fim de 2007, o patrimônio somado dos bilionários atingiu 10,2 trilhões em julho passado.

As doações financeiras foram a forma predominante de filantropia na pandemia, respondendo por 5,5 bilhões: nessa categoria entram repasses a hospitais e para a compra de equipamentos como ventiladores mecânicos e máscaras de proteção.

Mas houve também doações não tão usuais: a adaptação de fábricas próprias  para a produção de equipamentos de tratamento em hospitais e até de álcool em gel foi avaliada em 1,4 bilhão, de acordo com o relatório do UBS e da PwC.

Por fim, a nova e crescente onda do investimento de impacto se fez presente com um total de 337 milhões de dólares, em exemplos como a construção de instalações dedicadas à produção futura de vacinas.

Bill Gates, cofundador da Microsoft, havia doado neste ano até agosto 350 milhões de dólares para esse fim e a distribuição de vacinas a países pobres, por meio da Fundação Bill & Melinda Gates. Esses valores entraram parcialmente na conta do estudo.

Na classificação das doações por países, bilionários dos Estados Unidos, da China, da Índia, da Austrália e do Reino Unido formaram o top 5 das doações em meio à pandemia.

 

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