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Áreas verdes podem reduzir calor extremo nas cidades em até 5°C, aponta estudo

Estudo publicado na revista The Innovation, com colaboração da USP, avalia impacto dos jardins botânicos, áreas úmidas e paredes verdes no resfriamento urbano

Utilizçaão da infraestrutura verde-azul-cinza é uma das técnicas avaliadas no estudo como solução para resfriamento de microrregiões (Paulo Pinto/Agência Brasil)
Letícia Ozório

Repórter de ESG

Publicado em 11 de outubro de 2024 às 15h06.

Última atualização em 11 de outubro de 2024 às 15h07.

As grandes cidades sofrem cada vez mais com os efeitos das mudanças climáticas, especialmente com as ondas de calor extremo . O cenário, no entanto, pode ser mitigado a partir da união deinfraestruturas verdes e azuis às cinzas(ou GBGI, sigla para green-blue-grey infrastructure), aponta um estudo publicado na revista científica The Innovation.

O termo descreve a utilização de recursos ambientais naturais em áreas urbanas. Ainfraestrutura verderefere-se a elementos como jardins, parques, telhados e paredes verdes e árvores de rua.

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Já a azul trata dos corpos d’água, como rios, lagos, áreas úmidas e de retenção de águas pluviais. As infraestruturas cinzas são as construções e sistemas urbanos comuns a qualquer cidade: prédios, ruas, casas e outras obras de engenharia.

O estudo “ Urban heat mitigation by green and blue infrastructure: Drivers, effectiveness, and future needs ” (Mitigação do calor urbano a partir da infraestrutura verde e azul: fatores, eficácia e necessidades futuras, em tradução livre) avaliou quejardins botânicos apresentam um resfriamento médio entre 3,5°C e 5°C, sendo o impacto climático mais eficiente entre os GBGI. Em seguida, estão as áreas úmidas, com uma redução entre 3,2°C e 4,9°C, e paredes verdes (4,1°C a 4,2°C).

As árvores nas ruas também são uma fonte fácil de redução no calor urbano, de acordo com a pesquisa. O resfriamento médio foi de 3,1°C a 3,8°C. Já as varandas com vegetação geram uma diminuição no calor entre 2,7°C e 3,8°C.

Áreas verdes e azuis

A colaboração entreinfraestruturas verdes-azuistambém é uma das técnicas que pode gerar melhoria no clima das grandes cidades, mesclando áreas de natureza e água. O estudo aponta que além de gerar a redução da temperatura, as áreas proporcionam balanço hídrico,prevenção aalagamentose preservação da biodiversidade.

O estudo contou com pesquisadores da Austrália, China, Estados Unidos, Reino Unido e Brasil, com contribuição do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo (USP).

Maria de Fátima Andrade, professora titular do Departamento de Ciência Atmosféricas da USP e uma das autoras do estudo, ressalta os benefícios ambientais e climáticos do GBGI.

“Em resumo, colabora no balanço térmico, protegendo contra os excessos de temperatura e chuva”, disse.

Efeito Ilha de Calor

A presença d e construções deconcretoe pavimentos sem um planejamento térmico geram nas áreas urbanas o que os especialistas chamam de Efeito Ilha de Calor, fenômeno climático que aumenta as temperaturas nas cidades e não nas áreas rurais.

De acordo com Andrade, o efeito se soma às ondas de calor extremo como fatores prejudiciais à biodiversidade, gerando ainda deficiência hídrica. “Preservar as áreas verdes resulta também na absorção de poluentes, prevenção de alagamentos, preservação de animais, plantas e áreas naturais”, explica.

Os efeitos dessa mudança do clima não se limitam à natureza: a especialista afirma que também há maioresriscos relacionados a saúde humana a partir do aumento das temperaturas, como a insolação, quando o sistema imunológico reage a temperaturas corporais acima dos 40°C.

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