Unidade da Votorantim: para o público universitário, são 88 vagas para estudantes para trabalharem nas áreas corporativas, industriais e comerciais das diferentes unidades de negócio da companhia (Germano Lüders/Exame)
Rodrigo Caetano
Publicado em 23 de junho de 2022 às 20h20.
A Votorantim Cimentos utiliza mais de 200.000 toneladas de açaí para produzir cimento. É isso mesmo. A indústria cimenteira tem um problema: para fabricar seu produto, é preciso alimentar fornos que chegam a 1.500 graus Celsius. Os combustíveis fósseis, em especial o coque de petróleo, são os mais utilizados. A Votorantim, no entanto, tem uma meta de reduzir o uso dos fósseis para menos da metade do total até 2030.
Para isso, a companhia aposta na tecnologia do coprocessamento. A técnica consiste em substituir o coque por biomassa, obtida de resíduos orgânicos que não vão para a reciclagem. São dois principais: o chamado combustível derivado de resíduo (CDR) e o caroço de açaí. Entre 2020 e 2021, os fornos da Votorantim receberam 214.000 toneladas de caroço e 185.000 toneladas de CDR. A redução das emissões com o coprocessamento é dupla — nos fornos, pela substituição do petróleo, e nos aterros sanitários, que deixam de receber esses resíduos orgânicos, cuja decomposição emite o gás metano, altamente poluente.
“Precisamos descarbonizar”, afirma Marcelo Castelli, CEO Global da Votorantim Cimentos. “A sociedade está mais consciente. Por isso adaptamos a empresa, revisitamos nossas metas e lançamos um plano para 2030.” A companhia assumiu o compromisso de substituir 53% do combustível fóssil até o final da década. No mundo, o índice atual está em 22,4% e, no Brasil, em 26% — mas algumas unidades já chegam a 70% de coprocessamento. E, como não dá para ser ESG sozinho, a Votorantim criou um negócio, a Verdera, que faz a gestão dos resíduos e oferta o coprocessamento para outras companhias.