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A COP29 está no limite e o fracasso não é uma opção, diz Guterres

O secretário-geral da ONU voltou do G20 para impulsionar a reta final das negociações em estágio de tensão e pediu para que os países lembrem o que está em jogo: a vida da humanidade na Terra

Antonio Guterres, Secretário-geral da ONU: "Inevitavelmente, [a falta de um acordo de financiamento climático] também tornaria mais difícil o sucesso da COP30 no Brasil" (ONU/Divulgação)

Antonio Guterres, Secretário-geral da ONU: "Inevitavelmente, [a falta de um acordo de financiamento climático] também tornaria mais difícil o sucesso da COP30 no Brasil" (ONU/Divulgação)

Sofia Schuck
Sofia Schuck

Repórter de ESG

Publicado em 21 de novembro de 2024 às 17h02.

Última atualização em 21 de novembro de 2024 às 17h07.

"A COP29 está chegando à reta final. Percebo um apetite por um acordo, áreas de convergência começam a se definir. Mas diferenças permanecem", destacou o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, em declaração nesta quinta-feira (21) durante a Conferência do Clima da ONU.

Às vésperas da data prevista para o encerramento da Cúpula que pode definir o clima e futuro do planeta, o rascunho divulgado ainda pela manhã pela Presidência da COP29 sobre os principais pontos da nova meta global de financiamento climático (NCQG) deixou uma série de lacunas. 

Guterres, que assim como outros líderes voltou da Cúpula do G20 no Rio de Janeiro para a reta final em Baku, se mostrou preocupado com o desenrolar das negociações e pediu para que os países não esqueçam o que está em jogo: a vida da humanidade na Terra.

Segundo o secretário, as delegações e a Presidência da COP estão trabalhando arduamente para encontrar um terreno comum. "Precisamos de um grande esforço para levar as discussões até a linha de chegada e entregar um pacote ambicioso e equilibrado sobre todas as questões pendentes, com a nova meta de financiamento no centro. O fracasso não é uma opção", destacou.

Uma meta ambiciosa de recursos para países em desenvolvimento é essencial para que as nações possam entregar e alcançar seus compromissos climáticos (NDCs) alinhados com o limite de 1.5ºC do Acordo de Paris, tenham a oportunidade de colher os benefícios da transição energética para fontes renováveis e possam investir em adaptação e proteger suas populações de desastres climáticos, reiterou Guterres.

Na falta de um acordo na casa de trilhões e com definições claras de mecanismos, Guterres alerta que há um comprometimento tanto na ação de curto prazo, quanto na ambição para a preparação de novos planos de ação climática.

Isto também nos aproximaria de pontos de não retorno e levaria a impactos devastadores. "Inevitavelmente, também tornaria mais difícil o sucesso da COP30 no Brasil", ressaltou.

Em meio a divisões e incertezas geopolíticas, a cooperação internacional é crucial neste momento das negociações, frisou. "Suavizem as linhas rígidas. Naveguem por suas diferenças. E mantenham o foco no panorama geral. Esta é uma COP para entregar justiça diante da catástrofe climática e para ajudar a nos aproximar de garantir um planeta decente para toda a humanidade. Não é sobre um jogo de soma zero", acrescentou.

Guterres também deu como exemplo o anúncio dos bancos multilaterais de desenvolvimento investirem US$ 120 bilhões por ano até 2030 para combater a crise climática e instigou os países-membros da ONU a se espelharem e entrarem em um consenso nos próximos dias.

Além disso, citou o avanço da regulação do mercado global de carbono e o anúncio dos planos nacionais climáticos de alguns países. O Brasil entra nesta lista, e foi o segundo a fazer a entrega -- ainda na primeira semana da COP29. 

"Intensifiquem seus esforços, acelerem o ritmo e entreguem resultados. A necessidade é urgente, as recompensas são grandes e o tempo é curto", concluiu no discurso.

'COP do retrocesso'

No rascunho entregue nesta manhã (21), os negociadores conseguiram enxugar o texto de 25 para 10 páginas. Mas os principais pontos, ficaram sem definição: o valor de financiamento climático e quem deve pagar a conta.

O texto também estava repleto de colchetes, o que sinaliza questões em desacordo entre os países, e não trouxe nenhuma menção aos combustíveis fósseis.

A Arábia Saudita, rica em petróleo, é um dos países que se opõe ao fim do uso destes combustíveis altamente poluentes e está sendo apelidada de "bola de demolição" nesta COP.

Mais cedo, em uma sessão plenária que reuniu todas as nações, Albara Tawfiq, representante da delegação saudita, chegou a expressar que "o grupo árabe não aceitará nenhum texto que tenha como alvo setores específicos".

O tom desta reta final da COP29 é de frustração, mas não surpreende. Na semana anterior, o presidente do país anfitrião Azerbaijão, Ilham Aliyev, chegou a dizer que o petróleo e o gás eram um "presente de Deus". 

A ministra do Meio Ambiente colombiana, Susana Muhamad, também fez um discurso hoje e ressaltou que "o estado das negociações não apenas é inaceitável, como altamente preocupante".

"Qual é o sentido de ter um acordo e uma convenção se não podemos lidar com a questão que cria o problema?", questionou aos líderes. Após causar um sentimento geral de 'COP do retrocesso', a presidência defendeu o rascunho e prometeu novos textos até a noite desta quinta-feira (21). 

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