9 em 10 brasileiros perceberam o agravamento da fome, aponta pesquisa da Kellanova
Estudo inédito encomendando pela fabricante de alimentos Kellanova, ex-Kellogg, para o Instituto IBPAD mostra dados da fome no Brasil; em entrevista à EXAME, gerente-geral detalhou doações da companhia e planos de negócios
Repórter de ESG
Publicado em 18 de outubro de 2023 às 07h00.
Última atualização em 20 de outubro de 2023 às 16h10.
O crescimento da insegurança alimentar no Brasil é percebida por toda a população. De acordo com um estudo inédito encomendando pela fabricante de alimentos Kellanova, ex-Kellogg, para o Instituto IBPAD, 88% da população brasileira considera que a fome se agravou nos últimos anos e 60% conhece alguém em situação de insegurança alimentar.
Esta é a primeira vez que a companhia faz essa pesquisa no Brasil. A intenção é ampliar a estratégia de negócios e de ESG (sigla em inglês para ambiental, social e governança). "Fizemos a pesquisa pela primeira vez agora, mas falamos do combate há fome no país há mais de uma década. Entendemos que, na medida em que queremos desenvolver a Kellanova, precisamos de mais dados e ferramentas para contextualizar a estratégia local. Neste sentido, é importante reconhecer que a fome faz, infelizmente, parte da vida de parte dos brasileiros e que muitas outras pessoas podem atuar para a solução", disse Alberto Raich, gerente geral da Kellanova do Brasil.
Apesar da maioria afirmar que o combate à fome é papel do estado, também há valorização de empresas que trabalham a temática: 84% afirmaram priorizar marcas/empresas que atuam diretamente no combate à fome. Além disto, a doação de alimentos é a ação solidária mais comum entre brasileiros: 50% realizam este tipo de atitude social e 64% da população conhece alguém que precisou receber doações de cestas básicas no último ano.
Para atuar no combate à fome, a Kellanova firmou um compromisso em fomentar diálogos com os funcionários e parceiros, além de promover a doação de fato. “Em 2022, nossa doamos 150 toneladas de alimentos. Ao longo de 2023, já destinamos mais de 130 toneladas de mantimentos, que representam quatro milhões de porções, impactando positivamente a vida de aproximadamente cem mil brasileiros. A meta é chegar a 160 toneladas”, diz Raich.
Crescimento da Kellanova no Brasil
Desde a aquisição da marca Parati®, em 2016, a Kellanova mantém crescimento anual de duplo dígito no Brasil com desempenho impulsionado principalmente pela marca Pringles® e o segmento de snacks. De acordo com Raich, o Brasil é essencial na estratégia de crescer em mercado emergentes por meio de multicategorias. Para se ter ideia da importância do país, o complexo fabril de São Lourenço do Oeste, em Santa Catarina, é o maior parque industrial da Kellogg na América Latina e um dos três maiores do mundo.
Em agosto de 2023, a Kellanova realizou a entrega do investimento de R$ 250 milhões em São Lourenço do Oeste, aumentando em 100% a capacidade produtiva de Pringles®, que já conta com mais de dezenas de milhões de latas produzidas anualmente.
"Em 2022, cerca de 60% das vendas líquidas de Kellanova vieram de snacks, incluindo salgadinhos e biscoitos, com crescimento acima da média nas categorias representada por marcas icônicas Pringles®, Cheez-It®, Sucrilhos®, Parati® entre outros. O negócio de snacks da Kellanova abrange todo o mundo, com cerca de 15% das suas vendas líquidas provenientes de mercados emergentes. Assim, Acreditamos que a chave para conduzir um bom negócio está em fazer o bem para a sociedade. Por isso, a Kellanova está comprometida em fortalecer o Brasil e, à medida que nossa empresa cresce, intensificamos os esforços na conscientização sobre a insegurança alimentar, pilar fundamental para a nossa estratégia ESG Dias Melhores", diz.
Dias Melhores e o combate à fome
A estratégia da companhia, nomeada Dias Melhores, prevê impactar 4 bilhões de pessoas até 2030. Para isto, no Brasil, por exemplo, há parceria com organizações como o Mesa Brasil São Paulo e Santa Catarina, e o Insitituto Reação. A intenção é não apenas doar alimentos, mas realizar oficinas de educação alimentar.
Outro caminho é o envolvimento dos funcionários. "No Brasil são 900 horas de voluntariado dos 3.500 funcionários. Juntos, eles devem doar cerca de quatro toneladas de mantimentos neste ano", diz Raich. Já num ação com parceiros entre 28 de setembro e 1º de outubro, 170 lojas de varejistas em São Paulo recebiam doações de clientes, enquanto a Kellanova dobrava a quantidade. "Conseguimos oito toneladas destinadas às organizações sociais".