Trump: no entanto, esse imposto não pode ser aplicado de forma imediata, uma vez que está vigente o NAFTA (Lucy Nicholson/Reuters)
EFE
Publicado em 26 de janeiro de 2017 às 18h51.
Última atualização em 26 de janeiro de 2017 às 21h50.
Washington - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, pretende fixar um imposto de 20% sobre todas as importações procedentes do México para custear o muro que quer construir na fronteira comum, segundo antecipou nesta quinta-feira o porta-voz da Casa Branca, Sean Spicer.
O porta-voz descreveu aos jornalistas a bordo do Air Force One, o avião presidencial americano, essa medida como uma decisão já tomada por Trump e que o presidente quer incluir dentro de uma reforma tributária mais ampla que pretende negociar com o Congresso.
Spicer voltou a convocar os jornalistas ao chegar a Washington para esclarecer que esta taxa de 20% sobre as importações seria "só uma das opções" consideradas pelo novo presidente.
"Não se trata oferecer detalhes, ainda não estamos nesse ponto. Em vez de 20%, podem ser 18% ou 5%. Ainda estamos nas primeiras fases" de elaboração do plano, acrescentou.
A certeza é que esse imposto não pode ser aplicado de forma imediata, uma vez que está vigente o Tratado de Livre-Comércio da América do Norte (NAFTA), assinado por EUA, Canadá e México há mais de duas décadas.
Spicer mencionou que os Estados Unidos têm um déficit comercial com o México, e citou como exemplo o número de US$ 50 bilhões para explicar que, se for aplicado esse imposto de 20% sobre essa quantia, seriam obtidos US$ 10 bilhões ao ano e se pagaria "facilmente o muro apenas através desse mecanismo".
O déficit comercial dos EUA com o México é de US$ 60 bilhões anuais, com o que a aplicação desta tarifa sobre dita quantia geraria US$ 12 bilhões ao ano, embora o volume total das importações do México rondem US$ 295 bilhões.
Os líderes republicanos Mitch McConnell, do Senado, e Paul Ryan, da Câmara dos Representantes, tinham cifrado antes em entre US$ 12 bilhões e US$ 15 bilhões o custo de erguer um muro nos quase 2.000 quilômetros que ainda precisam ser valados na fronteira.
Esse imposto sobre as importações mexicanas "proporciona claramente o financiamento" para o muro "e é feito de uma maneira na qual o contribuinte americano é totalmente respeitado", explicou Spicer no avião presidencial de volta a Washington da Filadélfia, onde Trump participou de uma reunião de congressistas republicanos.
De acordo com o porta-voz, "provavelmente" os EUA são o único país grande que não taxa as importações de produtos de outras nações e permite que "fluam livremente, o que é ridículo".
Trump suscitou hoje uma crise com o México com suas ameaças para que esse país pague o muro que ele ordenou construir na fronteira comum, que provocou o cancelamento da reunião com seu homólogo mexicano, Enrique Peña Nieto, na próxima terça-feira na Casa Branca.