Economia

Robôs podem matar um terço dos empregos até 2030, segundo PwC

Mudança pode ser vertiginosa e alguns setores e categorias serão mais afetados - mas boas políticas podem suavizar o processo

O efeito dos robôs sobre o nível de emprego total é muito incerto (Jeff J Mitchell/Reuters)

O efeito dos robôs sobre o nível de emprego total é muito incerto (Jeff J Mitchell/Reuters)

João Pedro Caleiro

João Pedro Caleiro

Publicado em 27 de março de 2017 às 13h23.

Última atualização em 27 de março de 2017 às 18h02.

São Paulo - A robótica e a inteligência artificial podem eliminar uma boa parte dos empregos em um futuro próximo, de acordo com um novo estudo da consultoria PwC.

O percentual de vagas vulneráveis até 2030 vai de 21% no Japão a 30% no Reino Unido, 35% na Alemanha e 38% nos Estados Unidos. Não foi feita estimativa para o Brasil.

Mas o efeito sobre o nível de emprego total é muito incerto, já que os robôs também farão com que novas vagas sejam criadas no setor de tecnologia.

Além disso, os ganhos em produtividade e queda de preços também vão gerar uma riqueza que será reinvestida de alguma forma na economia.

Mas nesse processo, alguns vão sofrer mais do que outros, o que pode já estar aumentando a desigualdade.

No caso do Reino Unido, a estimativa da PwC é que o risco de ser substituído por um robô vai de 12% para quem tem nível universitário a 46% para quem tem o ensino médio incompleto.

Isso sugere que uma boa forma de suavizar esse processo é investindo pesadamente em educação e treinamento da força de trabalho.

O percentual de vagas sob risco de automação varia entre áreas como educação (9%) e saúde (12%) até outras como manufatura (46%) e transporte (56%).

Só porque um trabalhador pode ser substituído por um robô não significa, é claro, que ele será. A eficiência de fazer isso dependerá da evolução tanto dos salários humanos quanto dos custos da robótica.

E há propostas na mesa para manipular esses incentivos. Bill Gates, fundador da Microsoft, defendeu recentemente a cobrança de impostos extras de quem automatizar serviços.

No Vale do Silício, é popular a ideia de uma renda mínima universal que sustente os excluídos pela tecnologia e mantenha o consumo girando.

Debate

Parte dos economistas aponta que esse temor de que novas técnicas e tecnologias matem empregos é uma constante através dos séculos, mas que a história acabou provando que novas funções sempre acabam substituindo as eliminadas.

Tyler Cowen, professor da George Mason University, escreveu em uma coluna recente na Bloomberg View que essa adaptação é muito dura e que a visão histórica não tem nada de reconfortante.

A revolução industrial criou muita riqueza e transformou o mundo, mas demorou décadas para que seus benefícios chegassem aos trabalhadores britânicos.

“A substituição dos empregos agrícolas, apesar de eventualmente ter sido uma dádiva para a humanidade, trouxe problemas significativos pelo caminho. Dessa vez provavelmente não será diferente, e é exatamente por causa disso que deveríamos nos preocupar”.

Um estudo recente de Daniel Susskind, da Universidade de Oxford, questiona alguns pressupostos da literatura sobre o tema e também concluí que o perigo é ainda maior do que o previsto.

 

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