Por que o superávit já foi para o beleléu?
Cortaram impostos, aumentaram gastos, insistiram no crédito público e menosprezaram a necessidade e urgência das reformas fiscais de natureza estrutural
Da Redação
Publicado em 28 de março de 2016 às 14h46.
Joaquim Levy, quem aí se lembra dele? Assumiu o Ministério da Fazenda do segundo governo Dilma , em 2015, dizendo perseguir superávit primário equivalente a 1% do PIB. Caiu. Mas, antes de ir para Washington, lutava bravamente por 0,7%.
Nelson Barbosa, seu sucessor, quando tomou as rédeas da economia em Brasília, falava em 0,5%, possivelmente ajustáveis numa tal banda (um piso e um teto a serem escolhidos).
Até quarta-feira, 24, tínhamos esse 0,5% do PIB de superávit de Nelson . Mas esse número, singelo, pressupunha aumento da arrecadação de, nada singelos, 170 bilhões de reais. Isso mesmo: ainda se contava com isso, mesmo num ano de tremenda recessão.
Mas Nelson não anunciou nenhuma surpresa. Alguém duvidava que o superávit do governo seria pequenino, de uns 3 bilhões? Quem acreditava com fé nos 30 bilhões de reais anunciados anteriormente? O ministro apenas reconheceu a realidade dos números.
Como temos insistido no Por quê?, não é de agora problema, nascido lá atrás, no primeiro governo Dilma.
Cortaram impostos, aumentaram gastos, tocaram pau no crédito público e menosprezaram a necessidade e urgência das reformas fiscais de natureza estrutural.
Quando essas coisas acontecem é só alegria, é uma festa danada. Mas no momento em que a conta começa a cair… e, pior, neste instante ninguém assume a paternidade da desgraça econômica!
Por falar em Barbosa, e a reforma da Previdência?
Nelson Barbosa, aparentemente, queria mexer na insustentável Previdência Social . Mas, com o caos político que se instaurou por estas terras, sem chances.
Botar para andar a agenda fiscal (área responsável pelo equilíbrio entre gastos e receitas de um governo) demanda muita coragem.
Requer capacidade de argumentação e liderança, por sua natureza impopular. E não tem outra saída. Sem uma melhora na parte fiscal, todo o resto segue emperrado.
A área fiscal é o calcanhar de Aquiles do lamaçal econômico em que meteram o Brasil.
Quer entender o por quê? Dá uma olhada nesta continha, não vai doer nada: com juros reais de 5% e crescimento de 0% (sim, essa previsão é hiperotimista, mas mostra ainda melhor o tamanho
do problema); logo, a gente precisa de (5% – 0%) X 65% = 3,25% do PIB de superávit para que a dívida bruta nacional, hoje na casa dos 65% do PIB, pare de crescer.
Esses números mostram que, ainda que o PIB do Brasil fosse pelo ficar parado, no 0%, o superávit precisaria ser 3,5% e a nossa dívida, alta, se mantinha ainda alta, mas estável.
Neste momento, no entanto, tudo leva não a um superávit, mas a um déficit (negativo, ao contrário do superávit) de mais ou menos 1,5% do PIB.
Deixa dizer com todas as letras então: É IMPOSSÍVEL virar um déficit de 1,5% para superávit de 3% em poucos anos, se for mantida a atual rigidez das despesas do governo e a dificuldade para conseguir elevar impostos.
A coisa está preta e o piloto, quer dizer, o superávit sumiu.
Joaquim Levy, quem aí se lembra dele? Assumiu o Ministério da Fazenda do segundo governo Dilma , em 2015, dizendo perseguir superávit primário equivalente a 1% do PIB. Caiu. Mas, antes de ir para Washington, lutava bravamente por 0,7%.
Nelson Barbosa, seu sucessor, quando tomou as rédeas da economia em Brasília, falava em 0,5%, possivelmente ajustáveis numa tal banda (um piso e um teto a serem escolhidos).
Até quarta-feira, 24, tínhamos esse 0,5% do PIB de superávit de Nelson . Mas esse número, singelo, pressupunha aumento da arrecadação de, nada singelos, 170 bilhões de reais. Isso mesmo: ainda se contava com isso, mesmo num ano de tremenda recessão.
Mas Nelson não anunciou nenhuma surpresa. Alguém duvidava que o superávit do governo seria pequenino, de uns 3 bilhões? Quem acreditava com fé nos 30 bilhões de reais anunciados anteriormente? O ministro apenas reconheceu a realidade dos números.
Como temos insistido no Por quê?, não é de agora problema, nascido lá atrás, no primeiro governo Dilma.
Cortaram impostos, aumentaram gastos, tocaram pau no crédito público e menosprezaram a necessidade e urgência das reformas fiscais de natureza estrutural.
Quando essas coisas acontecem é só alegria, é uma festa danada. Mas no momento em que a conta começa a cair… e, pior, neste instante ninguém assume a paternidade da desgraça econômica!
Por falar em Barbosa, e a reforma da Previdência?
Nelson Barbosa, aparentemente, queria mexer na insustentável Previdência Social . Mas, com o caos político que se instaurou por estas terras, sem chances.
Botar para andar a agenda fiscal (área responsável pelo equilíbrio entre gastos e receitas de um governo) demanda muita coragem.
Requer capacidade de argumentação e liderança, por sua natureza impopular. E não tem outra saída. Sem uma melhora na parte fiscal, todo o resto segue emperrado.
A área fiscal é o calcanhar de Aquiles do lamaçal econômico em que meteram o Brasil.
Quer entender o por quê? Dá uma olhada nesta continha, não vai doer nada: com juros reais de 5% e crescimento de 0% (sim, essa previsão é hiperotimista, mas mostra ainda melhor o tamanho
do problema); logo, a gente precisa de (5% – 0%) X 65% = 3,25% do PIB de superávit para que a dívida bruta nacional, hoje na casa dos 65% do PIB, pare de crescer.
Esses números mostram que, ainda que o PIB do Brasil fosse pelo ficar parado, no 0%, o superávit precisaria ser 3,5% e a nossa dívida, alta, se mantinha ainda alta, mas estável.
Neste momento, no entanto, tudo leva não a um superávit, mas a um déficit (negativo, ao contrário do superávit) de mais ou menos 1,5% do PIB.
Deixa dizer com todas as letras então: É IMPOSSÍVEL virar um déficit de 1,5% para superávit de 3% em poucos anos, se for mantida a atual rigidez das despesas do governo e a dificuldade para conseguir elevar impostos.
A coisa está preta e o piloto, quer dizer, o superávit sumiu.