Economia

Negros recebem até 31% menos que brancos

Os trabalhadores negros também têm mais dificuldade de encontrar um emprego se comparados a trabalhadores brancos, mesmo quando possuem a mesma qualificação

Desemprego: maior diferença entre brancos e negros foi no nível de instrução mais elevado (Paulo Whitaker/Reuters)

Desemprego: maior diferença entre brancos e negros foi no nível de instrução mais elevado (Paulo Whitaker/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 6 de novembro de 2019 às 15h20.

Rio de Janeiro — Trabalhadores negros enfrentam mais dificuldade de encontrar um emprego se comparados a trabalhadores brancos, mesmo quando possuem a mesma qualificação. Quando trabalham, recebem até 31% menos. Os dados são da Síntese de Indicadores Sociais (SIS), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

As desigualdades raciais no país se refletem em menos oportunidades e também menos renda disponível. A renda média domiciliar per capita dos pretos ou pardos foi de R$ 934 em 2018, metade do que era recebido pelos brancos, de R$ 1.846.

Em todos os níveis de instrução, a taxa de desemprego é significativamente mais elevada entre a população preta ou parda do que entre a população que se autodeclara branca. Entre os que têm ensino superior completo, a taxa de desemprego é de 5,5% para os brancos, mas sobe a 7,1% entre pretos e pardos. Na faixa com ensino médio completo ou superior incompleto, os brancos têm taxa de desemprego de 11,3%, contra 15,4% dos pretos e pardos.

Quando conseguem emprego, o salário permanece desigual. Em 2018, os trabalhadores ocupados de cor branca tinham rendimento por hora trabalhada superior ao da população preta ou parda em todos os níveis de instrução.

A maior diferença foi no nível de instrução mais elevado, com ensino superior completo: os brancos recebiam R$ 32,80, 45% a mais que os R$ 22,70 recebidos por pretos e pardos.

"O nível de instrução é parte da desigualdade, mas não é todo o problema. A efetiva discriminação no mercado de trabalho também acontece", disse Luanda Botelho, analista da Coordenação de População e Indicadores Sociais do IBGE.

Os brasileiros mais ricos são majoritariamente brancos. Entre os 10% com maiores rendimentos domiciliares per capita, 70,6% eram de cor branca e apenas 27,7% de preta ou parda. A situação se inverte no outro extremo, na faixa de 10% mais pobres: 75,2% deles são pretos ou pardos, enquanto somente 23,7% são brancos.

Na população em geral, os pretos e pardos são maioria, 55,8% dos brasileiros, contra uma fatia de 43,1% de brancos.

Os negros eram maioria na força de trabalho de atividades como Agropecuária (60,8% dos trabalhadores nesse setor), Construção (62,6%) e Serviços domésticos (65,1%), todos eles segmentos com remuneração inferior à média em 2018. Por outro lado, os brancos estavam em maior número nas atividades mais bem remuneradas, como Informação, financeiras e outras atividades profissionais e Administração pública, educação, saúde e serviços sociais.

Acompanhe tudo sobre:economia-brasileiraIBGENegrosPobrezaRiqueza

Mais de Economia

Preço da carne tem maior alta mensal em 4 anos, mostra IPCA de outubro

Número de pessoas que pediram demissão em 2024 bate recorde, diz FGV

Inflação de outubro acelera e fica em 0,56%; IPCA acumulado de 12 meses sobe para 4,76%

Reforma Tributária: empresas de saneamento fazem abaixo-assinado contra alta de imposto