Posto de gasolina: queda na inflação foi puxada pela desoneração dos combustíveis (Leandro Fonseca/Exame)
Carolina Riveira
Publicado em 26 de julho de 2022 às 09h03.
Última atualização em 26 de julho de 2022 às 12h26.
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15), prévia da inflação mensal, ficou em 0,13% em julho. Os dados foram divulgados nesta terça-feira, 26, pelo IBGE.
O valor mensal é o menor desde junho de 2020, quando a prévia da inflação no IPCA-15 foi de 0,02%.
O acumulado em 12 meses até julho ficou em 11,39%, caindo ante os 12,04% no IPCA-15 de junho. No ano, a variação acumulada é de 5,79% até julho.
O resultado de julho veio levemente abaixo do consenso do mercado, que esperava alta de 0,16% para o período.
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Os números no IPCA-15 representam uma desaceleração brusca em relação aos resultados de meses recentes. Em junho, o IPCA-15 havia sido de 0,69%, e de 0,59% em maio.
A queda foi puxada sobretudo pelos combustíveis e energia, em meio à desoneração nos tributos dos combustíveis aprovada no Congresso em junho. Por outro lado, a inflação no núcleo de serviços e em alimentação segue pressionada.
O IPCA-15 diz respeito ao período entre a última quinzena do mês anterior e a primeira quinzena do mês atual, e é considerado uma prévia do IPCA final, que abrange o mês completo e é divulgado no mês seguinte.
A expectativa é que a inflação brasileira comece a cair rapidamente a partir de agora e vá dos quase 12% atuais para menos de 8% no fim do ano.
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A previsão do mercado no boletim Focus desta segunda-feira, 25, foi de IPCA em 7,3% no fim de 2022 - embora a projeção para 2023 venha subindo, e esteja hoje em 5,30%.
A inflação no Brasil superou dois dígitos em setembro do ano passado, e não caiu para baixo desse patamar desde então.
O Brasil está sob a maior taxa básica de juros, a Selic, desde 2016. Na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, em 15 de junho, a taxa de juros foi elevada em 0,50 ponto percentual, indo a 13,25%.
Ao todo, houve altas em seis e queda em três dentre os nove grupos de produtos e serviços pesquisados pelo IBGE no IPCA-15 de julho.
A principal queda no período veio do grupo Transportes (-1,08%, frente a alta de 0,84% em junho), que abrange os combustíveis.
Houve redução de 5,01% no preço da gasolina e de 8,16% no do etanol, na medição do IPCA-15.
O óleo diesel foi na contramão e teve alta de 7,32%.
Já as passagens aéreas subiram 8,13%, seguindo trajetória de alta que vem sendo vista com a reabertura da economia e com o momento sazonal das férias de inverno.
No grupo Habitação, também houve queda de 0,78%, com redução de 4,61% no preço da energia elétrica residencial. Além da desoneração de ICMS, um dos fatores é a continuidade da bandeira verdade, quando não há cobrança adicional na conta de luz por escassez hídrica.
O ICMS sobre insumos como combustíveis, energia elétrica e comunicações foi reduzido a um teto de cerca de 18% nos estados e tributos federais foram zerados também para a gasolina (já estavam zerados para o diesel). Além disso, o preço do petróleo desacelerou no mercado internacional com os temores de uma recessão global, impactando os preços internos nos importadores.
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Dentre as altas na inflação, o maior impacto (0,25 p.p.) para o índice veio do grupo Alimentação e bebidas, que teve alta de 1,16%, acelerando em relação a junho (0,25%).
O preço do leite longa vida, que subiu 22,27% no período, foi o destaque. A alta do leite também puxou para cima preços de derivados como requeijão (4,74%), manteiga (4,25%) e queijo (3,22%).
Como já havia ocorrido no mês passado, há também uma pressão forte em alimentação fora de casa (alta de 1,27%, frente a 0,74% em junho), que reflete a inflação pressionada no núcleo de serviços.