Economia

Haddad se reúne com Pacheco para discutir a reforma tributária no Senado

O ministro da Fazenda irá antecipar as conversas sobre a segunda parte da reforma, que irá focar em mudanças no impostos de renda e heranças

Haddad e Pacheco: ministro e presidente do Congresso devem discutir avanço da reforma tributária (Edilson Rodrigues/Agência Senado/Flickr)

Haddad e Pacheco: ministro e presidente do Congresso devem discutir avanço da reforma tributária (Edilson Rodrigues/Agência Senado/Flickr)

André Martins
André Martins

Repórter de Brasil e Economia

Publicado em 11 de julho de 2023 às 06h46.

Última atualização em 11 de julho de 2023 às 08h46.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, se reúne nesta terça-feira, 11, com o presidente do Congresso, Rodrigo Pacheco, para discutir a tramitação da reforma tributária no Senado. A ministra do Planejamento, Simone Tebet, e o Ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, também participam do encontro na residência oficial da Presidência do Senado, às 11h.

Além de articular pela celeridade da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) aprovada na Câmara dos Deputados em dois turnos na semana passada, Haddad irá antecipar as conversas sobre a segunda parte da reforma, que irá focar em mudanças no impostos de renda e heranças.

“Nós temos que concluir a tramitação da PEC no Senado, mas nós não vamos aguardar o final da tramitação para mandar para o Senado a segunda fase da reforma”, disse Haddad em entrevista ao podcast O Assunto, do G1.

Ele disse que planeja que a nova fase da tributária tramite no Congresso ao mesmo tempo que o projeto do Orçamento. “Do mesmo jeito que marco fiscal e PEC andaram juntos, o Orçamento terá de andar junto com a segunda fase. Para garantir as metas do marco fiscal, preciso que o Congresso aprecie essa segunda etapa junto com a peça orçamentária, que terá como pressuposto a aprovação dessas medidas pelo Congresso. Caso contrário, haverá restrição na peça orçamentária”, disse.

O ministro argumentou que o objetivo dos projetos é promover crescimento econômico e não aumentar impostos. “Nosso objetivo não é aumentar imposto, é melhorar a economia, porque o crescimento econômico é que tem que gerar uma maior arrecadação e não criação de tributo e aumento de alíquota", explicou. 

No Senado, a PEC da reforma tributária deve passar pela Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), além da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). Senadores garantem que a análise da matéria terá até 90 dias. Alterações feitas pela Câmara dos Deputados no dia da aprovação do projeto estão na mira do Senado. 

Conheça os principais pontos da reforma tributária

O que é a reforma tributária

O objetivo da Reforma Tributária é simplificar o sistema de impostos no Brasil. Mas, como o país tem uma dívida pública elevada, precisa manter gastos sociais – como em Saúde, Educação e transferência de renda – e retomar investimentos em obras de infraestrutura, não há espaço, na avaliação do governo e dos parlamentares, para reduzir a carga tributária brasileira.

Qual foi o resultado da votação da reforma tributária?

No segundo turno, a PEC foi aprovada por 375 votos a favor e 113 contra e três abstenções. na primeira sessão de votos, foram 382 votos a favor e 118 votos contra.

O que acontece agora com a reforma tributária?

O texto será encaminhado para o Senado. 

O projeto de lei unifica impostos federais, estaduais e municipais, além de buscar a redução de custos para empresas. Além disso, o texto cria um sistema de cashback para as famílias de menor renda.

O texto apresentado por Aguinaldo Ribeiro propõe a substituição de dois tributos federais (PIS e Cofins) por uma Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS), gerida pela União; e de outros dois tributos (ICMS e ISS) pelo Imposto sobre Bens e Serviços (IBS), gerido por estados e municípios. Já o IPI vai virar um imposto seletivo.

  • IPI, PIS e Cofins são impostos federais;
  • ICMS é estadual e o ISS é municipal.

Além disso, serão gerados créditos tributários ao longo da cadeia produtiva para não haver incidência em cascata, ou seja, imposto cobrado sobre imposto.

Durante o período de teste, os impostos terão a seguinte cobrança:

  • IVA federal terá alíquota de 0,9%
  • e o IVA estadual e municipal, de 0,1%

Quando as mudanças da reforma tributária entram em vigor?

Uma vez aprovada, a reforma terá uma fase de transição. O novo modelo deve estar plenamente implementado, para todos os tributos, só em 2033. A mudança começará em 2026, tanto na esfera federal com a Contribuição Sobre Bens e Serviços (CBS), que unifica Pis, Cofins e IPI (exceto na Zona Franca de Manaus), quanto para estados e municípios com o Imposto Sobre Bens e Serviços (IBS), que unificará ICMS e ISS.

Vai aumentar cesta básica por causa da reforma tributária?

Os produtos da cesta básica hoje são isentos de tributos federais, mas pagam ICMS, cujas alíquotas variam em cada estado. O setor de supermercados alega que o fim da isenção de tributos federais iria ampliar em 60% a tributação sobre a cesta básica. O governo e o relator da proposta refutaram esse estudo e afirmaram que não haverá este impacto. O texto da reforma previa que, na unificação dos impostos, haveria uma alíquota reduzida à metade para alguns itens, como alimentos.

Após pressão da pressão da Associação Nacional dos Restaurantes (ANR) e da Associação Brasileira de Supermercados (ABRAS), o relator anunciou que a isenção da cesta básica foi incluída na proposta e estará prevista na Constituição

Além disso, vários setores contarão com redução de alíquotas em 60% ou 100%, também conforme definido em lei. Entre esses setores estão serviços de educação, saúde, medicamentos e cultura, produtos agropecuários e transporte coletivo de passageiros.

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