Economia

Em meio à pandemia, governo deve gastar R$ 21,5 bilhões com estatais

Hoje, 18 empresas públicas dependem do Tesouro; folha de pagamentos, com salários médios de mais de 15 mil reais, responde pela maioria das despesas

Bruno Funchal, secretário do Tesouro: gastos com estatais devem chegar a 21,5 bilhões de reais (Edu Andrade/Ascom/ME/Divulgação)

Bruno Funchal, secretário do Tesouro: gastos com estatais devem chegar a 21,5 bilhões de reais (Edu Andrade/Ascom/ME/Divulgação)

CA

Carla Aranha

Publicado em 22 de outubro de 2020 às 16h42.

Última atualização em 22 de outubro de 2020 às 16h49.

Neste ano, o Tesouro deve liberar aportes da ordem de 21,5 bilhões de reais, 22,8% mais do que em 2019, para o custeio das estatais que não conseguem pagar suas próprias despesas. Hoje, 18 empresas públicas se encontram nessa condição, como mostra reportagem da última edição da EXAME. O cenário político e econômico está em constante mudança no Brasil. Venha aprender o que realmente importa com quem conhece na EXAME Research.

A questão é especialmente preocupante neste ano em razão do aumento das despesas do governo por causa do combate aos efeitos da pandemia. Além disso, persiste no mercado a inquietação em relação ao cumprimento do teto de gastos e o risco fiscal. “Uma vez classificada como estatal dependente, a empresa passa, por força de lei, a integrar o Orçamento Geral da União”, diz Bruno Campos, coordenador-geral de participações societárias do Tesouro.

Entre as estatais que recebem recursos públicos para fazer frente a gastos estão a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), criada em 2011, e a Amazônia Azul Tecnologias de Defesa (Amazul), fundada em 2013, que pouca gente ouviu falar.

Também fazem parte da lista a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), que neste ano deve receber cerca de 6,5 bilhões de reais de aportes da União, e a Ceitec (92,3 milhões de reais), mais conhecida como a fábrica de chips do governo, que deverá ser liquidada em breve.

A maior parte das subvenções é relativa à folha de pagamentos das empresas. Os gastos com pessoal, incluindo benefícios e gratificações, somaram cerca de 14,1 bilhões de reais em 2018, último dado disponível, equivalente a 70% do desembolso que precisou ser feito pelos cofres públicos para socorrer as empresas públicas.

Os salários em algumas dessas estatais não são nada baixos. Na Empresa de Pesquisa Energética (EPE), a remuneração média foi de 15.700 reais em 2018. Nesse quesito, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) levou o primeiro lugar no ranking, com um pagamento médio de 18.200 reais.

“Estamos preparando um novo planejamento estratégico, válido a partir de 2021, para cortar custos e aumentar as receitas”, diz Celso Luiz Moretti, presidente da Embrapa. Segundo a empresa, 16 de seus 18 escritórios administrativos foram fechados no ano passado.

Outros dois grandes pesos para o Estado, a Valec e a Empresa de Planejamento e Logística (EPL), fundada em 2012 durante o governo da ex-presidente Dilma Rousseff, devem se fundir em uma só empresa, com custos menores. Além de dar prejuízo ao erário, a Valec já esteve envolvida em denúncias de corrupção. Outras estatais seguem em análise.

 

 

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