Economia

É cedo para redução do juro, diz fonte da área econômica

Fonte acrescentou que o governo já avalia buscar receitas alternativas para garantir o cumprimento da meta de superávit primário


	O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, coordena reunião do Copom
 (Elza Fiúza/ABr)

O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, coordena reunião do Copom (Elza Fiúza/ABr)

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Da Redação

Publicado em 18 de julho de 2014 às 17h59.

Brasília - Ainda é cedo para redução da taxa básica de juro Selic no Brasil, disse à Reuters uma fonte da equipe econômica que não tem poder de decisão sobre política monetária, acrescentando que o governo federal já avalia a possibilidade de buscar fontes alternativas de receitas para garantir o cumprimento da meta de superávit primário deste ano.

"É muito cedo para se falar em corte de juros", disse. "O Banco Central acabou de encerrar um ciclo de aperto monetário", lembrou a fonte, que falou sob condição de anonimato.

Na quarta-feira, o BC manteve a Selic em 11 por cento ao ano, como era esperado, mas repetiu no comunicado que isso ocorria "neste momento", deixando em aberto todas as possibilidades para o futuro da política monetária num cenário de atividade fraca e inflação elevada.

O BC tirou a Selic da mínima histórica de 7,25 por cento em abril do ano passado, num ciclo de aperto que durou um ano e levou a taxa ao atual patamar. O objetivo era domar a inflação, mas ela ainda continua elevada, apesar de a economia estar perdendo fôlego.

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (IPCA) tem rondado há tempos o teto da meta do governo --de 4,5 por cento, com margem de dois pontos percentuais para mais ou menos-- e, na avaliação de especialistas, uma das causas é a atual política fiscal considerada mais expansionista, que tem poder de pressionar os preços.

Em 12 meses até maio, a economia feita pelo governo para o pagamento dos juros estava em 1,52 por cento do Produto Interno Bruto (PIB), aquém do objetivo estipulado para este ano, de 99 bilhões de reais, ou 1,9 por cento do PIB.

Nesse cenário, o governo já fala em buscar mais receitas extraordinárias.

"Ou as receitas se recuperam ou as despesas terão que ser ajustadas", comentou a fonte ouvida pela Reuters, destacando que a economia fria afetou o recolhimento de tributos.

"Mas sempre há receitas que podem ser buscadas", acrescentou, sem revelar quais alternativas poderiam ser usadas para melhorar a receita e defendendo que o governo está empenhado em cumprir primário deste ano.

"Cumprir a meta de superávit é uma necessidade. Isso está relacionado à credibilidade, à estabilização da dívida e ajuda na inflação", disse.

Entre maio e dezembro deste ano, o governo projeta que as receitas extraordinárias somarão 24,338 bilhões de reais. Entre as medidas já adotadas para elevar a arrecadação está o Refis da Crise.

Com a política restritiva em ação, crédito escasso, indústria debilitada e menor oferta de emprego no país, a fonte salientou que o desempenho do PIB do segundo trimestre dependerá do setor serviços, mas descartou a possibilidade de recessão técnica.

"É precipitado falar em recessão técnica, o segundo semestre é historicamente melhor que o primeiro, haverá menos feriados e teremos um terceiro e quatro trimestres no campo positivo", previu a fonte.

Pesquisa Focus do BC com economistas de instituições financeiras mostra que a mediana das projeções é de que o PIB brasileiro crescerá 1,05 por cento neste ano, bem abaixo dos 2,5 por cento no ano passado.

Inflação

Nos 12 meses encerrados em junho, o IPCA ficou em 6,52 por cento, acima do teto da meta.

A fonte projeta que a inflação de julho ficará próxima de zero, ou até mesmo que possa ficar negativa, argumentando que houve redução nos preços das passagens aéreas e de outros serviços, como hotéis e alimentação.

Para o integrante da equipe econômica, a inflação mensal deve ceder também em agosto. Em 12 meses, no entanto, continuará elevada, recuando apenas mais no fim do ano para terminar 2014 abaixo do teto da meta.

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