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Como estaria o mundo sem o efeito petróleo?

O preço do petróleo e o comportamento dos mercados parecem estar sincronizados, mas isso não significa que uma coisa está causando a outra, diz Morgan Stanley

Petróleo e notas de dólar (Thinckstock)

João Pedro Caleiro

Publicado em 13 de fevereiro de 2016 às 06h00.

São Paulo - O petróleo atingiu nesta semana seu preço mais baixo em quase 12 anos.

Em meados de 2014, um barril chegou a valer 115 dólares. Atualmente, está abaixo dos 30 dólares - uma queda de cerca de 74%.

Bob Duley, presidente da British Petroleum, brincou nesta semana, em uma conferência do setor, que em breve as pessoas estariam enchendo suas piscinas com petróleo.

A queda do preço é resultado basicamente de demanda fraca (com a fraqueza da economia global e especialmente da China) combinada com oferta abundante (entrada do Irã e de outros atores no mercado), mas as consequências vão em várias direções.

Se sustentada, a queda do preço pode empurrar US$ 3 trilhões por ano de produtores de petróleo para consumidores globais, uma das maiores transferências de riqueza na história humana, diz uma nota recente do Bank of America Merrill Lynch.

As empresas de petróleo estão vendo suas ações despencarem (Petrobras entre elas), enquanto os países produtores sofrem com a queda acentuada de receitas (um dos principais fatores nas crises da Rússia e da Venezuela).

O mundo sem petróleo

No curto prazo, a impressão tem sido que os mercados financeiros e o preço do petróleo estão se movimentando com sincronia (afundando, basicamente).

Há alguns dias, o banco americano Morgan Stanley lançou um relatório com a seguinte pergunta: como estaríamos neste início de ano se o mundo simplesmente não tivesse que se preocupar com o petróleo?

O primeiro passo foi lembrar que correlação e causalidade são duas coisas diferentes. Se dois indicadores estão andando juntos, isso não significa que um esteja conduzindo o outro.

"Na nossa visão, o petróleo e os mercados estão se movimentando juntos porque eles são conduzidos por coisas similares: preocupações com crescimento, falta de apetite por risco e um dólar incansavelmente forte na conta ponderada pelo comércio", diz a nota da equipe liderada por Andrew Sheets.

Perdas e ganhos

Muitos esperavam que na medida que as pessoas precisassem gastar menos com petróleo, usariam o dinheiro que sobrou para comprar outras coisas e movimentar a economia. Este efeito acabou sendo menor do que o esperado.

O mundo desenvolvido (e especialmente a Europa) tem lutado contra a ameaça da deflação e a queda do petróleo não está ajudando. No entanto, as medidas de inflação do "mundo sem petróleo" continuam estáveis, diz o banco.

Outro indicador que tem assustado o mercado é o da produção industrial americana - que caiu no começo da recessão de 1990, no começo da recessão de 2001, no começo da recessão de 2008, e está caindo hoje.

Só que tirando o setor de energia, este número fica bem mais estável. A mesma coisa acontece com os rendimentos das empresas americanas e europeias.

Moral da história: "o petróleo está claramente impactando uma série destas medidas batidas. O ceticismo deve ser aplicado nas duas direções".

São Paulo – As reservas globais de petróleo provadas atingiram 1,7 trihão de barris no final de 2014, quantidade suficiente para garantir exatos 52 anos e 5 meses de produção mundial de energia . Os dados são da edição 2015 do relatório estatístico anual da BP, documento de referência para o setor. Segundo o estudo, ao longo da última década, as reservas globais de petróleo cresceram 25%. Os países da Opep continuam a dominar o ranking, controlando 71,6% das reservas mundiais. Atualmente, o Brasil aparece em 15º, com 16,2 bilhões de barris, o equivalente a 1% das reservas globais provadas de petróleo. Em 1994, essa taxa era de 5,4 bilhões de barris. Na lista geral, o país está atrás da China (1,1% das reservas), Catar (1,5%), Cazaquistão (1,8%) e Nigéria (2,2%). Veja nos slides onde estão as 10 maiores reservas de petróleo no mundo, segundo o estudo da BP, que leva em conta os dados de 2014, os mais recentes disponíveis.
  • 2. 1º - Venezuela

    2 /12(Getty Images)

  • Veja também

    Participação mundial17,5%
    Reservas provadas em 2014298.3 bilhões de barris
    Reservas provadas em 200479.7 bilhões de barris
    Variação em 10 anos274,3%
  • 3. 2º - Arábia Saudita

    3 /12(Wikimedia Commons)

  • Participação mundial15,7%
    Reservas provadas em 2014267 bilhões de barris
    Reservas provadas em 2004264.3 bilhões de barris
    Variação em 10 anos1%
  • 4. 3º - Canadá

    4 /12(Wikimedia Commons)

    Participação mundial10,2%
    Reservas provadas em 2014172.9 bilhões
    Reservas provadas em 2004179.6 bilhões
    Variação em 10 anos-3,7%
  • 5. 4º - Iran

    5 /12(Essam Al-Sudani/AFP)

    Participação mundial9,3%
    Reservas provadas em 2014157.8 bilhões de barris
    Reservas provadas em 2004132.7 bilhões de barris
    Variação em 10 anos18,9%
  • 6. 5º - Iraque

    6 /12(Getty Images)

    Participação mundial8,8%
    Reservas provadas em 2014150 bilhões de barris
    Reservas provadas em 2004115 bilhões de barris
    Variação em 10 anos30,4%
  • 7. 6º - Rússia

    7 /12(Karen Bleier/AFP)

    Participação mundial6,1%
    Reservas provadas em 2014103.2 bilhões de barris
    Reservas provadas em 2004105.5 bilhões de barris
    Variação em 10 anos-2,2%
  • 8. 7º - Kuwait

    8 /12(Getty Images)

    Participação mundial6%
    Reservas provadas em 2014101.5 bilhões de barris
    Reservas provadas em 2004101.5 bilhões de barris
    Variação em 10 anosnão houve
  • 9. 8º - Emirados Árabes Unidos

    9 /12(Wikimedia Commons)

    Participação mundial5,8%
    Reservas provadas em 201497.8 bilhões de barris
    Reservas provadas em 200497.8.8 bilhões de barris
    Variação em 10 anosnão houve
  • 10. 9º - Estados Unidos

    10 /12(.)

    Participação mundial2,9%
    Reservas provadas em 201448.5 bilhões
    Reservas provadas em 200429.3 bilhões
    Variação em 10 anos65,5%
  • 11. 10º - Líbia

    11 /12(Getty Images)

    Participação mundial2,8%
    Reservas provadas em 201448.4 bilhões de barris
    Reservas provadas em 200439.1 bilhões de barris
    Variação em 10 anos23,8%
  • 12. Acima da média

    12 /12(Thinckstock)

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