Ciência

Veja como as ondas gravitacionais mudarão a visão do cosmos

Começa um novo capítulo de exploração espacial para os astrônomos; entenda o motivo

Ondas gravitacionais: colisão de buracos negros fez ondas se propagarem pelo espaço (Reprodução/MIT)

Ondas gravitacionais: colisão de buracos negros fez ondas se propagarem pelo espaço (Reprodução/MIT)

Lucas Agrela

Lucas Agrela

Publicado em 11 de fevereiro de 2016 às 17h48.

Última atualização em 3 de outubro de 2017 às 09h44.

São Paulo – As ondas gravitacionais, previstas por Albert Einstein em 1916, foram observadas por cientistas pela primeira vez em uma colisão de buracos negros que aconteceu há 1,3 bilhão de anos e que converteu em energia o equivalente a cerca de três vezes a massa do sol em um segundo, liberando as ondas no espaço.

Mas o que a observação desse fenômeno muda para a ciência? Algumas coisas.

A primeira é que agora temos uma confirmação de que a teoria da relatividade de Einstein estava correta. As ondas gravitacionais foram demonstradas indiretamente nos anos 1980, mas só puderam ser vistas pelos pesquisadores do Laser Interferometer Gravitational Wave Observatory (LIGO) em 14 de setembro do ano passado – e a informação veio a público hoje.

Segundo a Teoria da Relatividade, os objetos que se movimentam no universo produzem ondulações no espaço-tempo que se propagam pelo espaço – como o efeito de Ripple que acontece ao jogarmos uma pedra em um lago.

Sendo assim, essas ondas gravitacionais deixam rastros que não são alterados pela matéria. Como indica o Gizmodo, elas funcionam como uma impressão digital viajando pelo espaço-tempo. Isso é importante porque, com a existência dessas ondas confirmada, se torna possível que cientistas possam estudar de maneira diferente uma Estrela de Nêutrons ou um buraco negro.

A dificuldade atual de entender o que acontece com esses corpos que têm massa absurda em relação a um planeta – e, por isso, muita força gravitacional – é que eles não emitem luz (ou, ao menos, não da forma que uma estrela o faz). Por conta disso, fica mais difícil a observação realizada com telescópios espaciais localizados na Terra.

"Essa descoberta permite que olhemos para trás no tempo da criação do universo, com significativas repercussões para a atual pesquisa astronômica", afirmou o processor Bob Bingham, físico do Conselho de Instalações Tecnológicas e Científicas no Harwell Campus, no Reino Unido, de acordo com o IFLS.

Com isso, para o astrofísico Scott Hughes, do MIT, as ondas gravitacionais abrem um novo capítulo para a exploração do cosmos. "Há muitas informações ricas guardadas nas ondas gravitacionais ", declarou Hughes, segundo o Gizmodo.

A descoberta foi feita da maneira de Einstein havia previsto. Quando dois buracos negros começam a orbitar um ao outro, eles perdem energia lentamente, o que faz com que eles fiquem gradualmente mais próximos até que comecem a se movimentar a metade da velocidade da luz e uma fusão ocorre, gerando um buraco negro maior. Esse fenômeno gera uma tremenda explosão de energia que propaga as ondas gravitacionais pelo espaço. O vídeo abaixo ilustra como é esse fenômeno.

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