Ciência

Vacinas chinesas ultrapassam farmacêutica americana em processo da OMS

A OMS aprovou apenas uma vacina americana, a da Pfizer-BioNTech, de acordo com um documento do processo regulatório da entidade

Pfizer: vacina foi a única americana a ser aprovada pela OMS (INA FASSBENDER/Getty Images)

Pfizer: vacina foi a única americana a ser aprovada pela OMS (INA FASSBENDER/Getty Images)

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Bloomberg

Publicado em 23 de janeiro de 2021 às 08h00.

Em meio ao agravamento das preocupações com a disparidade no acesso a vacinas ao redor do mundo, a Organização Mundial da Saúde tem dificuldades para acompanhar o ritmo dos países ricos do Ocidente na liberação de imunizantes, retardando a iniciativa Covax, da qual dependem as nações mais pobres.

A OMS aprovou apenas uma vacina, a da Pfizer-BioNTech, de acordo com um documento do processo regulatório da entidade sobre o status de diversas vacinas contra a Covid-19. A vacina da Moderna, chamada mRNA, já foi autorizada nos EUA, Canadá, Reino Unido, União Europeia e Israel, mas ainda não teve um dossiê aceito para análise do órgão internacional.

A vacina da Moderna foi uma das 11 candidatas que receberam financiamento da Coalizão para Preparo Epidêmico, apoiada pela OMS, embora o valor de US$ 1 milhão fornecido seja ínfimo diante das centenas de milhões que a empresa recebeu da Operação Warp Speed do governo dos EUA.

Já as chinesas Sinopharm e Sinovac Biotech estão mais adiantadas no processo de aprovação da OMS, de acordo com o documento, ainda que suas vacinas não estejam entre as quase 2 bilhões de doses já adquiridas pela iniciativa Covax.

A preocupação aumenta junto com a distância entre os países ricos e pobres no acesso a vacinas. Esta semana, o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, declarou que o mundo estava “à beira de um fracasso moral catastrófico” porque governos e empresas preferem a imunização em massa em países desenvolvidos ao invés de priorizar os mais vulneráveis em lugares pobres.

Tedros atacou os laboratórios, acusando-os de priorizar aprovações em países ricos onde o lucro é mais alto em vez de submeter dossiês completos sobre suas vacinas à OMS. Essa situação pode atrasar a distribuição por meio da Covax, a iniciativa apoiada pela OMS que visa fornecer vacinas aos países mais pobres.

A Moderna foi a segunda companhia após a Pfizer a garantir o uso emergencial junto ao órgão regulador de medicamentos dos EUA (FDA), em dezembro. Sua vacina já foi introduzida nos EUA, Canadá e Europa.

O documento da OMS mostra que não foram feitas entre a organização e a Moderna reuniões que precedem a apresentação de estudos, nem houve dossiê aceito para análise. A decisão da OMS sobre a vacina da Moderna ainda está prevista para o final de fevereiro, embora a entidade ressalte que se trata apenas de uma estimativa.

A Moderna está dialogando com a OMS e está comprometida com um resultado bem-sucedido, afirmou um porta-voz da companhia em e-mail enviado à Bloomberg News, sem dar mais detalhes.

Solicitação da AstraZeneca

Uma solicitação de aprovação da vacina desenvolvida pela AstraZeneca e pela Universidade de Oxford está sendo examinada pela OMS e a liberação está prevista para o final de fevereiro. Para as vacinas chinesas, a expectativa é que recebam sinal verde em março, de acordo com o documento.

As dificuldades da OMS abriram caminho para a China intensificar os esforços diplomáticos envolvendo a vacinação. Durante sua passagem pelo Sudeste Asiático na semana passada, o ministro das Relações Exteriores, Wang Yi, prometeu distribuir mais de um milhão de doses.

O rápido progresso das vacinas chinesas no processo de aprovação pela OMS eleva a probabilidade de que estas estejam entre as primeiras vacinas distribuídas pela Covax, embora não tenham sido incluídas no plano de aquisição original.

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