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Uso de remédio da Pfizer no combate à covid-19 requer mais estudos

O medicamento para artrite reumatoide da farmacêutica Pfizer como uma opção de tratamento contra a covid-19 é algo que ainda demanda mais estudos, segundo especialistas

pfizer (Foto/Getty Images)
EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 18 de junho de 2021 às 09h46.

O uso do medicamento Tofacitinibe como uma opção de tratamento contra a covid-19 é algo que ainda demanda mais estudos, segundo especialistas ouvidos pelo Estadão. Nesta quarta-feira, 16, tornou-se pública a informação de que um estudo do Hospital Israelita Albert Einstein apontou que esse medicamento para artrite reumatoide da farmacêutica Pfizer r eduziu em 37% o risco de morte ou falência respiratória em pacientes internados com quadro moderado e pneumonia associada à covid-19.

O Tofacitinibe, vendido pelo nome comercial Xeljanz, agiu na tempestade de citocinas, reação exacerbada do sistema imunológico que pode afetar o funcionamento de órgãos vitais e até levar à morte. Ele tem a capacidade de modular o sistema imunológico, evitando o processo.

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Biomédica e pesquisadora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Mellanie Fontes-Dutra diz que ainda é necessário ter mais dados e estudos. "Se a gente for olhar o número de pacientes, 289, ele é baixo. É um estudo preliminar, que precisa de mais dados. Ainda não é algo que poderíamos pensar em trazer para o País. Teria de esperar o amadurecimento dos dados."

Mesmo assim, ela diz que é uma notícia positiva para a ciência. "O dado e a redução são interessantes. E é um estudo feito no Brasil. É importante celebrar a parceria do Einstein com a Pfizer."

Outro ponto destacado pela pesquisadora é que a população não deve interpretar o resultado como uma certeza de que o medicamento é um tratamento para a doença. "Tem de tomar muito cuidado para que não faça com que os negacionistas tratem esse remédio como fazem com a ivermectina. Não é para extrapolar para casos leves e muito menos para prevenção da doença."

Isso já tinha sido alertado por Otávio Berwanger, diretor da Academic Research Organization (ARO) do Einstein, em entrevista ao Estadão nesta quarta-feira, 16. "A medicação foi utilizada em pacientes que não tinham contra-indicações, na dose correta, com acompanhamento diário dos pesquisadores e em ambiente controlado e no hospital. Neste momento, está saindo o resultado da pesquisa."

A questão também foi abordada pela diretora Médica da Pfizer Brasil, Márjori Dulcine."É muito importante ressaltar que o medicamento não foi aprovado ou autorizado para uso por nenhuma agência regulatória no mundo para o tratamento na covid-19, uma vez que o estudo publicado é o primeiro randomizado, multicêntrico a avaliar o seu impacto no tratamento da doença. Sua eventual utilização no arsenal anticovid dependerá da extensa avaliação desses dados por parte dos órgãos reguladores e autoridades de saúde."

Médico sanitarista e professor da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo, Gonzalo Vecina diz que a medicação foi adotada na fase 2 da doença, em um momento em que o paciente não estava em quadro leve nem grave.

Ele avalia que, caso seja adotada no futuro, será necessário avaliar se o Brasil teria condições financeiras de incorporar a medicação. "Tem de entrar em uma fase com um número grande de pacientes. Então, vai ter o impacto de pacientes que podem ser potencialmente elegíveis e, embora a Pfizer não tenha falado em preço, o fato é que cada caixa custa R$ 5 mil. Ainda é muito caro e é fora da realidade de qualquer País."

Ainda de acordo com Vecina, o fato de o medicamento já ter sido incorporado ao SUS para artrite reumatoide não mudaria a situação, pois uma nova análise teria de ser feita pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec).

Anvisa

Até maio deste ano, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) já aprovou o uso emergencial de três opções de tratamento medicamentoso para pacientes com a covid-19.

Em março, foi aprovado o antiviral Rendesivir, do laboratório Gilead. No mês seguinte, foi a vez da associação entre anticorpos monoclonais casirivimabe e imdevimabe, das farmacêuticas Regeneron e Roche.

No mês passado, mais um coquetel de anticorpos monoclonais foi liberado pela agência: a combinação de banlanivimabe e etesevimabe, da Eli Lilly do Brasil.

 

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