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Sem provas, Rússia diz que vacina também "tem mais de 90%" de eficácia

O uso doméstico da vacina russa já foi permitido mesmo sem a finalização de todas as fases necessárias para a aprovação de uma eventual vacina

Vacina: Rússia afirmou que Sputnik V também tem 90% de eficácia (David Talukdar/Getty Images)

Tamires Vitorio

Publicado em 9 de novembro de 2020 às 13h51.

Horas após a farmacêutica americana Pfizer divulgar que sua vacina contra o novo coronavírus apresentou uma eficácia de 90% nos voluntários testados, o ministério da saúde da Rússia também afirmou que a vacina desenvolvida pelo Instituto Gamaleya tem a mesma porcentagem de proteção. Dados não foram apresentados para comprovar a fala de Oksana Drapkina, diretora de um instituto de pesquisa ministerial.

"Somos responsáveis por monitorar a eficácia da Sputnik V em pessoas que receberam a vacina como parte do nosso programa de imunização em massa. Com base em nossas observações, a eficácia também é de mais de 90%. A aparição de outra vacina eficaz --- isso é uma boa notícia para todos", afirmou Drapkina, segundo a agência de notícias Reuters.

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O uso doméstico da vacina russa já foi permitido mesmo sem a finalização de todas as fases necessárias para a aprovação de uma eventual vacina contra a covid-19 e o país foi o primeiro (e único) a registrar uma proteção do vírus no mundo.

A vacina da Rússia sempre esteve sob os holofotes — na maioria das vezes, negativos. A falta de apresentação de dados consistentes em relação às fases de estudo da vacina, a pressa para que ela fosse aprovada e a liberação recente do primeiro lote da vacina aumentaram ainda mais a preocupação das autoridades no mundo todo. Essa desconfiança se mantém como um dos maiores empecilhos e, até os resultados forem confirmados, a cautela é a melhor forma de lidar com a situação.

A imunização russa é baseada no adenovírus humano fundido com a espícula de proteína em formato de coroa que dá nome ao coronavírus.

 

É por meio dessa espícula de proteína que o vírus se prende às células humanas e injeta seu material genético para se replicar até causar a apoptose, a morte celular, e, então, partir para a próxima vítima.

Especialistas em saúde pública seguem prevendo as vacinas para meados de 2021.

Como estamos?

Das 47 em fases de testes, apenas 10 estão na fase 3, a última antes de uma possível aprovação. São elas a chinesa da Sinovac Biotech, a também chinesa da Sinopharm, a britânica de Oxford em parceria com a AstraZeneca, a americana da Moderna, da Pfizer e BioNTech, a russa do Instituto Gamaleya, a chinesa CanSino, a americana Janssen Pharmaceutical Companies e a também americana Novavax.

Quem terá prioridade para tomar a vacina?

Nenhuma vacina contra a covid-19 foi aprovada ainda, mas os países estão correndo para entender melhor qual será a ordem de prioridade para a população uma vez que a proteção chegar ao mercado. Um grupo de especialistas nos Estados Unidos , por exemplo, divulgou em setembro uma lista de recomendações que podem dar uma luz a como deve acontecer a campanha de vacinação.

Segundo o relatório dos especialistas americanos (ainda em rascunho), na primeira fase deverão ser vacinados profissionais de alto risco na área da saúde, socorristas, depois pessoas de todas as idades com problemas prévios de saúde e condições que as coloquem em alto risco e idosos que morem em locais lotados.

Na segunda fase, a vacinação deve ocorrer em trabalhadores essenciais com alto risco de exposição à doença, professores e demais profissionais da área de educação, pessoas com doenças prévias de risco médio, adultos mais velhos não inclusos na primeira fase, pessoas em situação de rua que passam as noites em abrigos, indivíduos em prisões e profissionais que atuam nas áreas.

A terceira fase deve ter como foco jovens, crianças e trabalhadores essenciais que não foram incluídos nas duas primeiras. É somente na quarta e última fase que toda a população será vacinada.

Quão eficaz uma vacina precisa ser?

Segundo uma pesquisa publicada no jornal científico American Journal of Preventive Medicine uma vacina precisa ter 80% de eficácia para colocar um ponto final à pandemia. Para evitar que outras aconteçam, a prevenção precisa ser 70% eficaz.

Uma vacina com uma taxa de eficácia menor, de 60% a 80% pode, inclusive, reduzir a necessidade por outras medidas para evitar a transmissão do vírus, como o distanciamento social. Mas não é tão simples assim.

Isso porque a eficácia de uma vacina é diretamente proporcional à quantidade de pessoas que a tomam, ou seja, se 75% da população for vacinada, a proteção precisa ser 70% capaz de prevenir uma infecção para evitar futuras pandemias e 80% eficaz para acabar com o surto de uma doença.

As perspectivas mudam se apenas 60% das pessoas receberem a vacinação, e a eficácia precisa ser de 100% para conseguir acabar com uma pandemia que já estiver acontecendo — como a da covid-19.

Isso indica que a vida pode não voltar ao “normal” assim que, finalmente, uma vacina passar por todas as fases de testes clínicos e for aprovada e pode demorar até que 75% da população mundial esteja vacinada.

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