Ilhas Maurício: mineral é antigo demais para pertencer ao território, segundo cientistas (Getty Images)
EFE
Publicado em 1 de fevereiro de 2017 às 13h30.
Última atualização em 3 de fevereiro de 2017 às 14h28.
Londres - Pesquisadores descobriram no Oceano Índico, sob as águas das Ilhas Maurício, rastros de um antigo continente chamado Gondwana, que se desintegrou há 200 milhões de anos.
A descoberta, publicada esta semana na revista britânica "Nature Communications", foi feita depois que zircones, minerais de 3 bilhões de anos atrás, foram encontrados na superfície da ilha.
Os especialistas constataram que não era normal encontrar partes deste antigo mineral, que é produzido principalmente em rochas continentais, na superfície de uma ilha muito mais jovem, de 9 milhões de anos. Concluíram então que eram partes de um pedaço de crosta que posteriormente foi coberto por lava durante erupções vulcânicas na ilha.
O estudo, realizado pelo geólogo Lewis Ashwal, da Universidade de Witwatersrand, em Johanesburgo; Michael Wiedenbeck, do Centro Alemão de Pesquisas em Geociências (GFZ); e Trond Torsvik, da Universidade de Oslo, sustenta que os restos de zircon são muito antigos para pertencer as Ilhas Maurício.
Eles estão convencidos de que se trata uma pequena parte do antigo continente que se rompeu da Ilha de Madagascar, quando África, Índia, Austrália e Antártida se separaram e formaram o Oceano Índico.
Segundo Ashwal, o fato de ter encontrado zircones dessa idade nas Ilhas Maurício prova que "existem materiais da crosta terrestre muito mais antigos, que só podiam ter origem em continente".
De acordo com os resultados, a ruptura não envolveu "uma simples divisão do supercontinente Gondwana", mas uma "fragmentação complexa que aconteceu com pedaços de crosta continental de tamanhos variados deixados à deriva dentro da bacia do Oceano Índico em evolução".
O geólogo explica que os zircones são minerais que contêm urânio, tório e chumbo e, ao sobreviver muito bem ao processo geológico, passam a ter um rico registro de processos geológicos. Esta descoberta joga nova luz aos mecanismos das placas tectônicas e aos jovens epicentros oceânicos. EFE