Ciência

Reino Unido se prepara para receber primeiras vacinas da covid-19

Segundo o jornal britânico The Guardian, é possível que os primeiros estoques da vacina estejam disponíveis nesta segunda-feira, 7, ou no dia 8 e 9

 (Dado Ruvic/Reuters)

(Dado Ruvic/Reuters)

Tamires Vitorio

Tamires Vitorio

Publicado em 7 de dezembro de 2020 às 06h00.

Começa nesta semana a vacinação de parte da população do Reino Unido contra o novo coronavírus. O acordo para a aprovação emergencial da vacina desenvolvida pela farmacêutica Pfizer em parceria com a alemã BioNTech, assinado na semana passada, prevê, inicialmente, cerca de 40 milhões de doses do imunizante de duas doses — podendo vacinar 20 milhões de pessoas em um país que tem mais de 67 milhões de habitantes.

Na fase inicial, serão vacinados cuidadores em casas de repouso e seus pacientes, idosos acima dos 80 anos, profissionais da linha de frente da área da saúde e assistentes sociais.

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Segundo o jornal britânico The Guardian, é possível que os primeiros estoques da vacina estejam disponíveis nesta segunda-feira, 7, ou no dia 8 e 9 de dezembro. Os hospitais britânicos foram avisados para se preparem para o recebimento das vacinas. O primeiro-ministro do país, Boris Johnson, confirmou o início da imunização para esta semana.

Para Johnson, a expectativa de um retorno para "a vida normal" em meados de abril do ano que vem se tornou "um conhecimento certeiro de que vamos ter sucesso".

O fato de a imunização ter sido aprovada e ser iniciada nesta semana, no entanto, não garantem o fim da pandemia. Na última sexta-feira, 4, a Organização Mundial de Saúde (OMS) afirmou que a distribuição das vacinas "não significam zero covid". "As vacinas e as campanhas de vacinação não resolverão, por si só, o problema", disse o diretor de Emergências da OMS, Michael Ryan, em entrevista coletiva na semana passada.

A lista do governo britânico prevê que, depois dos grupos citados acima, serão vacinadas pessoas acima dos 75 anos, depois acima dos 70, seguidas por idosos acima dos 65 anos.

Após a vacinação focada em idosos (integrantes do grupo de risco da covid-19), serão vacinados indivíduos de 16 a 64 anos com problemas de saúde que os colocam em risco de morte. Em seguida, pessoas acima dos 60 anos, 55 anos e 50 anos.

A vacina da Pfizer, com base no RNA mensageiro, é administrada em duas doses para chegar a uma eficácia maior — e as doses precisam ser administradas com uma distância de 21 dias entre elas.

A companhia também afirma que a vacina é capaz de produzir mais anticorpos neutralizantes da covid-19 uma semana após a segunda dose ser administrada.

A imunização pode ter até 1,3 bilhão de doses globais produzidas no ano que vem — e 100 milhões até o final deste ano. Em novembro, as farmacêuticas mostraram que a imunização é 95% eficaz na prevenção da covid-19. 

O fato de a vacina ser produzida com a tecnologia inédita do RNA mensageiro também pode afetar também, de certa forma, a distribuição da vacina.

As vacinas de RNA precisam ser armazenadas em temperaturas muito baixas, de cerca de -70ºC, enquanto vacinas de DNA podem ser guardadas em temperatura ambiente. Por esse motivo, existe a preocupação de acabar movendo demais as vacinas --- o que poderia comprometer o estoque já reservado para o Reino Unido.

Ao todo, o Reino Unido já reservou 280 milhões de doses de vacinas em acordos realizados com as principais fabricantes.

Como estamos?

Das 51 em fases de testes, apenas 13 estão na fase 3, a última antes de uma possível aprovação. Confira quais são abaixo:

Quem terá prioridade para tomar a vacina?

Um grupo de especialistas nos Estados Unidos, por exemplo, divulgou em setembro uma lista de recomendações que podem dar uma luz a como deve acontecer a campanha de vacinação.

Segundo o relatório dos especialistas americanos (ainda em rascunho), na primeira fase deverão ser vacinados profissionais de alto risco na área da saúde, socorristas, depois pessoas de todas as idades com problemas prévios de saúde e condições que as coloquem em alto risco e idosos que morem em locais lotados.

Na segunda fase, a vacinação deve ocorrer em trabalhadores essenciais com alto risco de exposição à doença, professores e demais profissionais da área de educação, pessoas com doenças prévias de risco médio, adultos mais velhos não inclusos na primeira fase, pessoas em situação de rua que passam as noites em abrigos, indivíduos em prisões e profissionais que atuam nas áreas.

A terceira fase deve ter como foco jovens, crianças e trabalhadores essenciais que não foram incluídos nas duas primeiras. É somente na quarta e última fase que toda a população será vacinada.

Quão eficaz uma vacina precisa ser?

Segundo uma pesquisa publicada no jornal científico American Journal of Preventive Medicine uma vacina precisa ter 80% de eficácia para colocar um ponto final à pandemia. Para evitar que outras aconteçam, a prevenção precisa ser 70% eficaz.

Uma vacina com uma taxa de eficácia menor, de 60% a 80% pode, inclusive, reduzir a necessidade por outras medidas para evitar a transmissão do vírus, como o distanciamento social. Mas não é tão simples assim.

Isso porque a eficácia de uma vacina é diretamente proporcional à quantidade de pessoas que a tomam, ou seja, se 75% da população for vacinada, a proteção precisa ser 70% capaz de prevenir uma infecção para evitar futuras pandemias e 80% eficaz para acabar com o surto de uma doença.

As perspectivas mudam se apenas 60% das pessoas receberem a vacinação, e a eficácia precisa ser de 100% para conseguir acabar com uma pandemia que já estiver acontecendo — como a da covid-19.

Isso indica que a vida pode não voltar ao “normal” assim que, finalmente, uma vacina passar por todas as fases de testes clínicos e for aprovada e pode demorar até que 75% da população mundial esteja vacinada.

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