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Por que é tão difícil ser pontual? A ciência explica

Você é daqueles que têm dificuldade em chegar no horário? Pode colocar a culpa no seu cérebro

Relógio: o cérebro tem dificuldade de calcular o tempo de compromissos rotineiros e te convencendo que “só mais 5 minutinhos” não vão te impedir de chegar na hora (Bloomberg)
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Da Redação

Publicado em 31 de outubro de 2016 às 18h15.

Última atualização em 30 de novembro de 2016 às 15h58.

Você já reparou que, no primeiro dia de trabalho, chegar 15 minutos mais cedo parece muito fácil – mas, conforme você se adapta ao emprego, vai “flexibilizando” cada vez mais o seu horário de entrada?

Os cientistas da Universidade da Califórnia (Berkeley) acham que descobriram porque. Tem a ver com o sistema de localização do cérebro.

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Em 2014, um grupo de cientistas ganhou o Prêmio Nobel de Medicina pela descoberta das chamadas “células grid”, que ficam no hipocampo (região cerebral ligada à memória) e têm a função de mapear os ambientes pelos quais passamos. Mais ou menos como se fosse um GPS mental.

No estudo atual, os pesquisadores testaram essas células para entender como o nosso mapa neural muda conforme conhecemos melhor um lugar. A hipótese deles era a seguinte: quando conhecemos muito bem uma sala, e temos um mapa neural dela cheio de detalhes, teremos 1) a impressão de que essa sala é maior do que é, 2) a impressão de que leva mais tempo para cruzar a sala do que realmente leva.

Os cientistas reuniram um grupo de estudantes ingleses que moravam todos no mesmo prédio, em Londres. A primeira tarefa dos participantes foi desenhar, de cabeça, um mapa do seu bairro.

Depois, eles precisavam apontar que trajetórias dentro do bairro faziam com mais frequência. Por último, os jovens deveriam estimar quanto tempo levariam de casa até vários pontos do mapa, apontados pelos cientistas.

Conclusão: sim, nós tendemos a achar que lugares muito familiares são maiores do que realmente são. Nos mapas desenhados pelos estudantes, a área que eles mais frequentavam aparecia bem maior do que as demais regiões.

Já a estimativa de tempo apresentou do efeito oposto: se o lugar era muito familiar, os estudantes subestimavam a o tempo necessário para chegar até ele.

Isso mostra que o cérebro tem dificuldade de calcular o tempo até compromissos rotineiros – e acaba te convencendo que “só mais 5 minutinhos” na cama, no banho ou no sofá não vão te impedir de chegar na hora.

Por enquanto, a explicação neurológica para isso ainda não está bem estabelecida. A tese dos pesquisadores é que devem existir dois sistemas cerebrais diferentes para calcular tempo e espaço – e a distorção de um não afeta a distorção do outro.

O lado bom é que, se você mora em um apartamento apertado, ele parece ficar maior conforme você se acostuma com ele. O ruim vai ser explicar para o seu chefe que a culpa do seu atraso é do GPS mental, que tem com uma previsão de chegada pior que a do Waze em hora do rush…

Este conteúdo foi publicado originalmente na revista Superinteressante.

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