Ciência

Pílulas da MSD e Pfizer contra covid-19: O que se sabe sobre os remédios

Farmacêuticas anunciaram que seus medicamentos contra a covid-19 reduziram hospitalizações e mortes pela doença em estudos preliminares

Coronavírus: os medicamentos não substituem as vacinas contra covid-19, já que são utilizados em momentos distintos. Os dois métodos são importantes e complementares. (Freepik/Divulgação)

Coronavírus: os medicamentos não substituem as vacinas contra covid-19, já que são utilizados em momentos distintos. Os dois métodos são importantes e complementares. (Freepik/Divulgação)

Drc

Da redação, com agências

Publicado em 7 de novembro de 2021 às 10h07.

Última atualização em 8 de novembro de 2021 às 10h29.

As empresas farmacêuticas americanas Merck Sharp and Dohme (MSD) e Pfizer anunciaram resultados animadores para os primeiros tratamentos orais contra a covid-19, enquanto um antidepressivo também mostrou sinais promissores, o que pode abrir um novo capítulo na luta contra a pandemia.

Apesar das expectativas em relação aos remédios para tratamento da doença, ele ainda não está disponível na maior parte do mundo, inclusive no Brasil. Os medicamentos não substituem as vacinas contra covid-19, já que são utilizados em momentos distintos. Os dois métodos são importantes e complementares. 

Em entrevista à CNBC nesta sexta, 5, o diretor da Pfizer, Albert Bourla, reforçou que o remédio e a vacina não são equivalentes -- um não substitui o outro. “O fato de termos um tratamento não é de jeito nenhum razão para não tomarmos a vacina. Na verdade, devemos tomar a vacina. Infelizmente, alguns contrairão a doença. O comprimido é justamente para esses casos", explicou Bourla.

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Veja o que se sabe sobre os remédios da Merck e Pfizer:

O que são esses tratamentos?

Fala-se em tratamentos orais, pílulas, ou comprimidos, que seriam administrados assim que surgissem os primeiros sintomas da covid-19, com o objetivo de evitar formas graves da doença e, portanto, a hospitalização.

Após meses de pesquisas, duas gigantes farmacêuticas americanas acabam de anunciar que conseguiram fazer isso: a MSD, no início de outubro, com o molnupiravir; e a Pfizer, na sexta-feira (5), com o paxlovid.

Trata-se de antivirais que atuam reduzindo a capacidade de replicação do vírus, desacelerando a doença. Ambas as empresas relatam uma forte redução nas hospitalizações entre os pacientes que fizeram seus tratamentos - pela metade, para o molnupiravir, e quase 90%, para o paxlovid -, embora comparações diretas sobre a eficácia não sejam possíveis, devido aos diferentes protocolos de estudo.

Em paralelo, um antidepressivo que já é de domínio público, a fluvoxamina, apresentou resultados animadores na prevenção de formas graves da covid-19, segundo um estudo publicado em outubro por pesquisadores brasileiros na revista Lancet Global Health.

Por que é importante?

Caso se confirme que essas drogas são eficazes, será um grande passo à frente no combate à covid-19, porque complementariam, mas não substituiriam, a vacinação no arsenal terapêutico contra o vírus.

Embora já existam tratamentos - principalmente na forma de anticorpos sintéticos -, eles são medicamentos para pacientes que já sofrem formas graves da doença, além de serem injetados por via intravenosa, portanto, complexos de administrar.

Já uma pílula, ou comprimido, pode ser rapidamente prescrito ao paciente, que pode tomá-lo em casa. Os tratamentos da MSD e da Pfizer, que também teriam poucos efeitos colaterais, preveem dez doses em cinco dias.

"O sucesso desses antivirais abre, potencialmente, uma nova era em nossa capacidade de prevenir as consequências graves da infecção por SARS-Cov2", disse o virologista britânico Stephen Griffin no Science Media Center.

Quais são as limitações?

Continua difícil avaliar o interesse dos tratamentos da MSD e da Pfizer, já que os dois grupos até agora publicaram apenas comunicados à imprensa, sem dar detalhes de seus ensaios clínicos.

Nesse sentido, esses anúncios devem ser "tomados com cautela" até que os estudos estejam disponíveis, observou em setembro a especialista francesa em doenças infecciosas Karine Lacombe, enfatizando que esses tratamentos representam um mercado "potencialmente enorme" para os fabricantes.

Ainda assim, há claros indícios de que MSD e Pfizer não estão fazendo promessas vazias. Em relação à fluvoxamina, embora o estudo seja acessível a todos, não é isento de críticas.

Vários pesquisadores lamentam que os autores não tenham avaliado unicamente a frequência de hospitalizações, mas também a frequência de estadas prolongadas nos serviços de emergência, o que dificulta a interpretação dos dados.

Para quando? E qual custo?

O molnupiravir da MSD já está aprovado no Reino Unido, onde autoridades sanitárias deram sinal verde, na quinta-feira (4), para seu uso em pacientes com pelo menos um fator de risco de desenvolver uma forma grave da doença, como idosos, obesos e diabéticos.

Autoridades de saúde dos Estados Unidos e da União Europeia (UE) também estão revisando o medicamento em caráter de urgência.

Na semana passada, a Agência Europeia de Medicamentos (EMA) prometeu "agilizar" o processo, mas não quis dar uma data.

Vários países já solicitaram reservas de monulpiravir, como a França - 50 mil doses - e principalmente os Estados Unidos - 1,7 milhão de doses.

O pedido americano dá uma ideia do alto preço desse medicamento: representa US$ 1,2 bilhão, ou seja, cerca de US$ 700 por dose.

Já a Pfizer, que no momento menciona apenas um pedido de autorização nos Estados Unidos, não detalhou o preço do paxlovid, prometendo que seria "acessível" e diferenciado de acordo com os países e seu nível de desenvolvimento.

(Com informações da AFP).

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