Pacientes negros têm risco menor de morte por covid-19 do que brancos
Pesquisa conduzida pela New York University analisou dados de 2.623 pacientes internados
Karina Souza
Publicado em 4 de dezembro de 2020 às 20h00.
Última atualização em 4 de dezembro de 2020 às 23h34.
Um estudo conduzido pela New York University mostra que, ao serem hospitalizados, pacientes negros têm menos risco de morte por covid-19 do que brancos. Publicada recentemente pela revista médica Jama Network Open, a pesquisa analisou dados de 2.623 pacientes hospitalizados entre março e abril, acompanhando os desdobramentos da doença para cada um deles até maio de 2020. Os dados dos pacientes vieram de quatro hospitais em três regiões da cidade: Brooklin, Long Island e Manhattan.
Patrimônio e renda com fundos imobiliários
A pesquisa foi conduzida da seguinte forma: depois de chegar ao número de pacientes com diagnóstico positivo, os pesquisadores separaram todos eles por etnia. Do total analisado, 39,9% eram brancos, 14,3% eram negros, 27,3% eram hispânicos, 6,9% eram asiáticos e 7,9% eram multirraciais, de acordo com definições fornecidas pelos próprios pacientes.
Em relação à recuperação da doença, a maior parte deles teve alta (70,8%), 36,3% tiveram consequências críticas e 24,7% morreram em decorrência da doença. Apenas 4,5% permaneceram hospitalizados até maio.
Depois da análise, os pesquisadores concluíram inicialmente que pacientes negros e hispânicos tinham um risco menor de desenvolver sintomas críticos e eram menos propensos ao óbito do que os brancos. Depois de ajustar as conclusões considerando fatores como idade, sexo e comorbidades, apenas os pacientes negros continuaram e ter menor risco de morte em comparação com os brancos.
Mesmo assim, a descoberta não é motivo de comemoração. "Vemos um certo paradoxo", diz Joseph Ravenell, professor associado do departamento de saúde da população e reitor associado para assuntos de diversidade e inclusão da NYU Langone.
"Descobrimos que, uma vez que os pacientes negros com covid-19 chegam ao hospital — apesar de virem de bairros de baixa renda — suas chances de morrer são semelhantes ou menores do que os pacientes brancos. Porém, também sabemos que negros e hispânicos estão contraindo e morrendo de covid-19 de forma desproporcional em todo o país, e fatores socioeconômicos exercem um papel essencial nisso", afirma.
Para ter uma ideia da disparidade, outro estudo conduzido recentemente mostra que pacientes negros e hispânicos têm duas vezes mais riscos de contrair a doença do que os brancos. Para os pesquisadores do conteúdo publicado pela Jama Network, esse cenário se mantém, dadas as condições socioeconômicas totalmente diferentes do que as enfrentadas pela população branca.