Exame Logo

Os oceanos estão mais quentes do que nunca (e isso é péssimo); entenda

Influenciada pelas mudanças climáticas, altas temperaturas dos mares podem impactar acelerar o derretimento de geleiras e até deixar tubarões mais agressivos

Aquecimento do oceano seria consequência da absorção do aumento de calor causado pelas mudanças climáticas, afirmam cientistas (Serge MELESAN / 500px/Getty Images)
EXAME Solutions

EXAME Solutions

Publicado em 15 de agosto de 2023 às 08h00.

Pode ser que um banhista comum e desavisado comemore a notícia apresentada no título deste artigo, mas a verdade é que ela é bastante preocupante.

Neste mês de agosto, os oceanos atingiram a temperatura mais alta já registrada, batendo um recorde de 2016, de acordo com o Copernicus, serviço de mudanças climáticas da União Europeia.

Veja também

Por essa medição, a temperatura média diária global da superfície do mar chegou a 20,96ºC - muito acima da média para esta época do ano, alertam os especialistas.

Segundo Samantha Burgess, do Serviço de Mudança Climática Copernicus, março deveria ser o mês em que os oceanos globalmente estão mais quentes, não agosto.

"O fato de termos visto o recorde agora me deixa nervosa sobre o quanto o oceano pode ficar mais quente entre até o próximo mês de março", disse ao comentar os resultados da medição.

Impacto das mudanças climáticas

Esse aquecimento seria segundo apontam pesquisas, consequência da absorção do aumento de calor causado pelas mudanças climáticas.

O problema disso é que os oceanos são um regulador climático vital. Eles absorvem o calor, produzem metade do oxigênio da Terra e controlam os padrões climáticos, explicam os especialistas do Copernicus.

Águas mais quentes, por sua vez, têm menos capacidade de absorver dióxido de carbono, o que significa que mais desse gás que aquece o planeta permanecerá na atmosfera, podendo acelerar o derretimento das geleiras que fluem para o oceano, levando a mais aumento do nível do mar.

Os cientistas estão investigando por que os oceanos estão tão quentes agora, mas eles dizem que a mudança climática está tornando os mares mais quentes porque eles absorvem a maior parte do calor gerado pelas emissões de gases de efeito estufa.

Além disso, oceanos mais quentes têm impacto perturbador para espécies marinhas. Diante desse aquecimento, peixes tendem a se mover pelos mares em busca de águas mais frias, o que traz impactos para a cadeia alimentar.

Com esse vaivém dos animais marinhos, especialistas alertam que os estoques de peixes podem ser afetados e, assim, alguns animais predadores, incluindo tubarões, podem se tornar agressivos, tanto pela escassez de alimentos como pelas temperaturas mais altas.

Mares mais quentes em diversos locais

O novo recorde de temperatura média, alcançado em agosto deste ano, supera o registrado em 2016. Naquele ano, a flutuação natural do fenômeno El Niño estava em pleno andamento e em seu ponto mais forte.

O El Niño acontece quando a água quente sobe à superfície na costa oeste da América do Sul, elevando as temperaturas globais.

Um novo El Niño já começou, mas os cientistas dizem que ainda é fraco - o que significa que as temperaturas do oceano devem subir ainda mais nos próximos meses.

O recorde da temperatura média global dos oceanos tem impactado localmente os mares. Em junho, as temperaturas nas águas do Atlântico Norte ficaram de 4°C a 5°C acima da média, de acordo com o Serviço de Mudança Climática Copernicus. No Mediterrâneo, a anomalia média de temperatura foi de 3ºC, chegando a 5,5ºC no litoral da Itália, Grécia e África.

Na Flórida (EUA), as temperaturas da superfície do mar atingiram 38,44°C em julho, algo que se aproxima do calor da água de uma banheira de hidromassagem. Usualmente, a temperatura do mar nessa região e época do ano deveria ficar entre 23°C e 31°C, de acordo com a Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA).

Acompanhe tudo sobre:NetZero

Mais lidas

exame no whatsapp

Receba as noticias da Exame no seu WhatsApp

Inscreva-se

Mais de Ciência

Mais na Exame