Ciência

OMS publica primeira diretriz sobre uso de Ozempic e Mounjaro

Documento reúne recomendações sobre medicamentos usados no tratamento prolongado para obesidade

Obesidade: diretriz da OMS reúne recomendações para o uso seguro de terapias GLP-1. (	Peter Dazeley /Getty Images)

Obesidade: diretriz da OMS reúne recomendações para o uso seguro de terapias GLP-1. ( Peter Dazeley /Getty Images)

Publicado em 2 de dezembro de 2025 às 10h14.

A Organização Mundial da Saúde publicou na segunda-feira, 1º, a primeira diretriz sobre o uso de canetas emagrecedoras para tratamento de obesidade.

"A obesidade é um grande desafio global de saúde que a OMS está comprometida a enfrentar, apoiando países e pessoas em todo o mundo para controlá-la de forma eficaz e equitativa", afirmou o diretor-geral da OMS, Dr. Tedros Adhanom Ghebreyesus.

Segundo a organização, a doença afeta pessoas em todos os países e já foi associada a 3,7 milhões de mortes em 2024. "Sem ações decisivas, o número de pessoas com obesidade deve dobrar até 2030", afirma a OMS.

O peptídeo semelhante ao glucagon-1 (GLP-1) vem sido utilizado para o emagrecimento ao redor do mundo. O medicamento era usado para o tratamento de diabetes tipo 2 em grupos de alto risco. Em setembro de 2025, a organização incluiu a medicação na lista de "essenciais" para o manejo da doença.

Com a nova diretriz, algumas recomendações são adicionadas ao uso da terapia para o tratamento da obesidade. Entretanto, a OMS afirma que o medicamento não deve ser o único para tratar a doença. Alimentação saudável, atividade física regular e apoio de profissionais de saúde são essenciais para superar o desafio.

"Embora a medicação sozinha não resolva essa crise global de saúde, as terapias com GLP-1 podem ajudar milhões a superar a obesidade e reduzir seus danos associados", diz Dr. Ghebreyesus.

A diretriz destaca a importância do acesso justo às terapias com GLP-1 e da preparação dos sistemas de saúde para o uso desses medicamentos. "Sem políticas deliberadas, o acesso a essas terapias pode aprofundar desigualdades existentes", afirma o comunicado.

A organização pediu, em caráter de urgência, a fabricação, acessibilidade e prontidão dos sistemas para atender às necessidades globais.

Segundo a OMS, a obesidade não é apenas uma "preocupação individual, mas um desafio social que exige ação multissetorial".

Leia na íntegra as novas recomendações da OMS:

  1. Terapias com GLP-1 podem ser usadas por adultos, com exceção de mulheres grávidas, para o tratamento de longo prazo da obesidade. Embora a eficácia dessas terapias no tratamento da obesidade e na melhoria de desfechos metabólicos e outros tenha sido evidente, a recomendação é condicional devido a dados limitados sobre eficácia e segurança em longo prazo, manutenção e descontinuação, custos atuais, preparo insuficiente dos sistemas de saúde e possíveis implicações de equidade.
  2. Intervenções comportamentais intensivas, incluindo programas estruturados de alimentação saudável e atividade física, podem ser oferecidas a adultos com obesidade que forem prescritos com terapias GLP-1. Essa recomendação se baseia em evidências de baixa certeza de que essas intervenções podem melhorar os resultados do tratamento.

Como funcionam os medicamentos?

Obesidade é definida pela OMS como Índice de Massa Corporal (IMC) de 30 ou mais em adultos. Segundo a organização, os agonistas do receptor GLP-1 formam uma classe de medicamentos indicada para reduzir o açúcar no sangue, favorecer a perda de peso, diminuir o risco de complicações cardíacas e renais e ainda reduzir o risco de morte precoce em pessoas com diabetes tipo 2.

A diretriz reúne recomendações para três tratamentos usados de forma prolongada em adultos: liraglutida, semaglutida e tirzepatida.

A alta demanda global por terapias GLP-1 levou à circulação de produtos falsificados e de baixa qualidade, o que ameaça a segurança dos pacientes e a confiança pública.

 

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