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Novo tratamento corrige orelhas de abano sem necessidade de cirurgia

Molde de silicone de 3 mil reais é colocado em bebês de até 45 dias de vida e resolve deformidades na orelha

Molde de silicone promete resolver deformidades da orelha sem cirurgia (Marina Dyakonova/Getty Images)
LN

Letícia Naísa

Publicado em 18 de outubro de 2018 às 19h36.

Última atualização em 18 de outubro de 2018 às 19h45.

São Paulo — Uma novidade no mercado de saúde brasileiro pode resolver o problema das crianças com orelhas de abano. Um molde de silicone corrige deformidades em recém-nascidos de até 45 dias.

Segundo especialistas, a orelha de abano é o problema estético mais comum em crianças e gera situações desagradáveis na infância, como bullying na escola e apelidos.

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O método mais tradicional de correção é a otoplastia, uma cirurgia que pode ser feita em crianças acima de sete anos que custa cerca de 15 mil reais.

A alternativa um pouco mais barata são os moldes. Aprovado pela Anvisa em 2016, o Earwell é um molde de silicone feito para crianças com até 45 dias de vida.

Já conhecido na Europa e nos Estados Unidos, o produto chegou ao Brasil por meio de uma importadora de produtos médicos, a BemMed. Com um investimento de 100 mil reais, o empresário Diogo Nascimento começou a trazer o produto no ano passado.

Segundo Nascimento, o custo do produto é de 2.980 reais. O valor do tratamento completo pode chegar a 10 mil reais, dependendo do médico.

“Temos muitos médicos cadastrados para aplicar o tratamento, otorrinos e cirurgiões plásticos”, afirma o empresário. “Estamos investindo na divulgação com pediatras, que são os primeiro a perceber se a criança pode ter alguma deformidade.”

O otorrino João Daniel Caliman e Gurgel é um dos médicos que faz o procedimento no país e explica que o tratamento deve ser feito nas primeiras semanas de vida do bebê e dura de quatro a seis semanas. A correção é para a vida toda.

Cerca de 50 crianças já fizeram a correção de deformidades de orelha com o EarWell no Brasil. Segundo Gurgel, a eficácia do tratamento é de 90%. O produto corrige, além de orelhas de abano, orelhas murchas, pontudas ou em formato de concha.

O sucesso do tratamento acontece porque nas primeiras semanas de vida, o bebê ainda carrega hormônios maternos no corpo, o que torna a orelha maleável e moldável. Após os 45 dias de vida, a quantidade de hormônio é reduzida e a orelha perde a essa característica e fica mais dura.

O ideal é que o molde seja colocado em crianças com até duas semanas de vida, indica o médico. Na infância e na idade adulta, qualquer deformidade na orelha só pode ser resolvida com cirurgia.

Vantagens

A maior vantagem do tratamento com molde é evitar o procedimento cirúrgico. “Na cirurgia tem o processo de anestesia e os riscos do pós operatório”, afirma o médico. “Há também a vantagem do custo e a questão do bullying, a criança não precisa esperar tanto tempo para resolver o problema”, diz.

Outros tipos de moldes “caseiros” podem ser feitos em consultórios com algodão ou gaze e também são eficientes. Segundo o cirurgião plástico Wendell Uguetto, da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, esse tipo de método vem sendo estudado desde o fim dos anos 1990.

“O uso do molde faz a orelha melhorar”, afirma. “Talvez não resolva totalmente o problema, mas resolvendo parcialmente já é suficiente para a criança não precisar de cirurgia e evitar constrangimentos”, diz.

“Se você tem uma criança com uma uma deformidade que chama muito atenção, com certeza vai levar a uma alteração grande na idade adulta, então vale a pena fazer alguma coisa”, aconselha Uguetto.

Para os especialistas, é importante que os pais prestem atenção em qualquer sinal de deformidade logo na primeira semana de vida da criança.

“Parte dos pacientes já chega com o prazo perdido, com um bebê de dois ou três meses e não consegue tratar dessa forma”, diz Gurgel.

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