Nova terapia contra covid-19 pode ser testada no Brasil
Chamado de EDP1815, o tratamento foi testado em pacientes com psoríase e mostrou resultados que podem ajudar quem está em estados iniciais do vírus
Tamires Vitorio
Publicado em 22 de junho de 2020 às 10h14.
Última atualização em 22 de junho de 2020 às 10h18.
Uma nova terapia contra a covid-19 pode ser testada em breve no Brasil. Ao menos é o que pretende a companhia de biotecnologia americana Evelo Bioscience . Chamado de EDP1815, o tratamento anti-inflamatório foi testado em pacientes com psoríase (doença na qual células de pele se acumulam e causam coceira e irritação) e mostrou resultados que podem ajudar os pacientes em estados iniciais do novo coronavírus.
Isso porque, segundo as observações de especialistas, a EDP1815 é capaz de reduzir o impacto da doença no sistema imunológico --- o que pode evitar que o vírus progrida para um quadro mais severo e a iniciativa foi enviada com exclusividade à EXAME .
O produto ainda não foi testado em pacientes com SARS-CoV-2, mas o governo britânico permitiu que fosse avançado para as fases 2 e 3 de testes. Ainda sem data marcada, a EDP1815 será testada de forma randômica em até 469 pacientes no hospital britânico Addenbrooke e em outras clínicas. O foco é escolher pessoas que tiveram fatores de risco identificados para desenvolver quadros graves e que têm risco de ir para UTIs ou morrer. A fase de testes da medicação será patrocinada pelo fundo hospitalar da Universidade de Cambridge. A ideia é expandir os testes para outros países, incluindo o Brasil, mas a empresa ainda não tem uma data concreta de quando isso acontecerá.
Segundo o CEO da Evelo, Simba Gill, o tratamento da companhia é "extremamente seguro" e, quando chegar ao mercado, "será de baixo custo", o que poderá beneficiar países como o Brasil. "Grande parte das pessoas que morrem de coronavírus têm problemas em seus sitemas imunológicos, então nosso anti-inflamatório para isso. Outros podem desligar completamente a imunidade dos pacientes, mas nós queremos que ela funcione ativamente para matar o vírus. Acreditamos que temos algo muito diferente em nossas mãos", explica.
Na semana passada, um estudo britânico mostrou que a dexametasona , um anti-inflamatório corticosteroide que também é utilizado em crises de asma e também por alpinistas no combate aos efeitos da falta de oxigênio em altas altitudes, reduziu em até um terço o risco de morte dos pacientes entubados usando respiradores mecânicos; e em um quinto para pessoas que estavam recebendo oxigênio suplementar por causa do coronavírus.
Quase 9 milhões de pessoas estão infectadas pelo vírus no mundo e 468.724 morreram, segundo o monitoramento em tempo real da universidade americana Johns Hopkins. Os Estados Unidos são o epicentro da doença, com 2.280.969 doentes e mais de 119 mortes. Em segundo lugar no ranking está o Brasil, com 1.083.341 de infectados e 50.591 óbitos.
Nenhum medicamento para a covid-19 foi aprovado até o momento para uso regular, de modo que todos os tratamentos em uso são considerados experimentais. Outra droga potencial contra a doença é antiviral remdesivir, que mostrou resultados mistos num estudo de fase final com pacientes moderados do vírus.