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No lançamento da Starliner, a chance de redenção espacial da Boeing

Falhas de software levaram a missão desastrosa da Boeing no 1° lançamento do módulo; contrato de 4,5 bilhões de dólares está sobre a mesa em nova tentativa

Cabo Canaveral: no 1° lançamento, falhas de software botaram planos da Boeing na berlinda (NASA/Joel Kowsky/Getty Images)
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Thiago Lavado

Publicado em 3 de agosto de 2021 às 06h00.

Última atualização em 3 de agosto de 2021 às 14h22.

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Uma conhecida empresa do mercado de exploração espacial volta à tona nesta terça-feira. A Boeing , tradicional fabricante de aviões, lança a cápsula Starliner, não tripulada, rumo à Estação Espacial Internacional (ISS, na sigla em inglês).

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Atualização: o lançamento da Starliner foi novamente adiado nesta terça-feira, após engenheiros da Boeing encontrarem problemas técnicos. Caso os problemas sejam resolvidos, é possível que a cápsula seja lançada ainda na quarta-feira, 4.

Esta é a segunda tentativa da empresa no lançamento. A primeira foi há 18 meses e agora a Boeing tenta novamente, com 410 milhões de dólares investidos em uma nova chance, que, se bem sucedida, colocará a empresa no caminho para lançar uma cápsula tripulada até o final do ano. A nave deveria ter decolado na última sexta-feira, mas a missão foi adiada.

A Boeing depende de um sucesso na missão, que é parte de um contrato de desenvolvimento de 4,5 bilhões de dólares. Na última tentativa, em 2019, a empresa estava no ápice da crise com os aviões 737 Max, que deixaram centenas de mortos após duas quedas.

Quando o primeiro lançamento do Starliner aconteceu, o então CEO da Boeing, DennisMuilenburg, disse a oficiais sêniores da NASA, horas antes da decolagem, que um sucesso era necessário para "restaurar a marca Boeing". Mas o lançamento falhou e Muilenberg foi tirado do comando da empresa pelo conselho dias depois.

Na ocasião, uma série de falhas de software levou a Starliner a cálculos errôneos e a acreditar que estava em uma etapa diferente do percurso, gastando combustível essencial. Para piorar, uma falha de comunicação impediu consertar o erro de software remotamente. Quando o time resolveu trazer a Starliner de volta, mais erros quase causaram o que depois seria descrito como "catástrofe".

A NASA e a Boeing colocaram um time de engenheiros veteranos no projeto, que recomendaram cerca de 80 mudanças. A empresa também mudou como valida software internamente, e trouxe um executivo da SpaceX para cuidar da área.

Apesar de resolução e do lançamento nesta terça-feira, os acontecimentos abalaram a relação da Boeing com a NASA, que nos últimos anos tem cogitado um modelo diferente de trabalho, oferecido por empresas como SpaceX e Blue Origin — as empresas realizam os investimentos e desenvolvem naves e tecnologia, enquanto que a NASA apenas compra os serviços.

A Boeing é parte de uma indústria habituada ao contrário: a empresa se consolidou construindo equipamentos e aeronaves diante de grandes contratos de desenvolvimento. Agora, luta para competir com a Dragon da SpaceX e as investidas de Jeff Bezos na Blue Origin, que no início do mês realizou seu primeiro voo tripulado.

Quanto à NASA, a agência espacial tem sofrido pressões pela relação com a Boeing. Em 2019, negócios avaliados em 661 milhões de dólares com a empresa estiveram na mira de inspetores internos por acusações de fraude.

O lançamento de hoje está programado para acontecer às 15h53, no horário de Brasília. Se tudo correr bem, a Starliner deve acoplar à ISS por 10 dias, antes de retornar à Terra, com um pouso no deserto no Novo México. Depois, a Boeing poderá enviar até 7 astronautas da NASA a bordo do módulo — e receber a certificação da NASA, como a SpaceX recebeu.

"É de suma importância que  tenhamos um voo de sucesso", disse John Vollmer, chefe da Starliner, na semana passada. De fato, há muito a bordo do módulo no lançamento desta terça.

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